ATA DA NONAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 17.10.1997.

 


Aos dezessete dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, João Dib, João Motta, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Octogésima Oitava Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Gerson Almeida, a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 22/97 (Processo nº 1742/97); pelo Vereador Gilberto Batista, o Projeto de Lei do Legislativo nº 178/97 (Processo nº 3067/97); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador José Valdir, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 05 e 07/97 (Processo nº 481 e 483/97); pelo Vereador Nereu D'Ávila, o Pedido de Informações nº 163/97 (Processo nº 3137/97). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 29/97, da Senhora Marcia Alcalay Dorneles, 1ª Vice-Presidenta do Centro dos Professores do Estado/RS e Sindicato dos Trabalhadores em Educação - CEPERS/Sindicato; 384/97, do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Portoalegrense de Turismo S/A - EPATUR; 441/97, da Senhora Maria Luzia Feltes, Presidenta do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul - SEMAPI; 515/97, do Senhor Cleomar Antonio Pereira Lima, Presidente do Conselho Regional de Desportos da Secretaria da Educação/RS; 534 e 554/97, do Senhor Adroaldo Furtado Fabrício, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; 1156/97, do Senhor Martim Saraiva Barboza, Chefe do Gabinete do Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; 1286/97, do Senhor Renato da Costa Figueira, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional do Rio Grande do Sul; 1351/97, do Senhor José Haroldo Loureiro Gomes, Diretor do Departamento de Desporto da Secretaria de Educação/RS; Fax: do Senhor Henrique Fontana Júnior, Secretário Municipal da Saúde; do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Porto Alegre. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou os falecimentos do <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm><D>Político Nadyr Rossetti, do Advogado José Maria Pombo Dornelles, do ex-Vereador Ari Veiga Sanhudo e do Senhor Dante Leal Maranhão, irmão da Vereadora Clênia Maranhão, tendo sido realizado, por solicitação do Vereador Isaac Ainhorn, um minuto de silêncio face a esses falecimentos. Após, o Vereador Isaac Ainhorn registrou que deverá se ausentar da presente Sessão para, em Representação Externa deste Legislativo, comparecer ao funeral do Advogado José Maria Pombo Dornelles. Também, o Senhor Presidente registrou visita feita ontem à Casa pelos Senhores Miguel Sampoul Paul, Alfredo Freund e Antônio Freitas, respectivamente, Diretor-Superintendente, ex-Diretor-Superintendente e Consultor de Assuntos Estratégicos da RIOCELL. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Paulo Roberto Stekel, Diretor-Financeiro da Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, que apresentou dados acerca da campanha salarial dos bancários para o corrente ano, analisando questões referentes ao sistema financeiro do País, em especial quanto aos postos de trabalho representados por esse sistema. Também, comentou lei aprovada no Município de Passo Fundo, de ampliação do horário bancário de atendimento externo, e questionou notícias divulgadas pela imprensa, relativas à possibilidade de venda da carteira de crédito do Banco Meridional do Brasil S.A. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento do Vereador Lauro Hagemann, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na vereança a Suplente Maristela Maffei, informando que sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. A seguir, o Senhor Presidente solidarizou-se com as lutas empreendidas pelos bancários por melhorias salariais e de condições de trabalho e registrou a presença das Professoras Maria Laura da Costa e Heloísa Rodrigues, de alunos da 3ª série e de mães de alunos da Escola Estadual de 1º e 2º Graus Fernando Gomes. Ainda, o Vereador Cláudio Sebenelo manifestou-se acerca do assunto abordado durante o período de Tribuna Popular. Às nove horas e trinta e seis minutos, foram suspensos os trabalhos, nos termos regimentais, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de "quorum", às nove horas e trinta e oito minutos. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, estiveram, em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 42/97, este discutido pelos Vereadores João Dib, Adeli Sell, Gerson Almeida e Renato Guimarães, 43, 44, 45 e 46/97. Na ocasião, foi apregoado Requerimento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando, nos termos do § 6º do artigo 218 do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora Anamaria Negroni, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gilberto Batista, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Após, foi apregoado Requerimento da Vereadora Clênia Maranhão, de Licença por Luto, nos termos do inciso II do artigo 218 do Regimento, para o período de dezesseis a vinte e três de outubro do corrente, <D>tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Sebastião Melo, para o p<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>eríodo de dezessete a vinte e três do corrente, após a entrega de seu Diploma, Declaração de Bens e Declaração de Nome Parlamentar e da prestação do compromisso legal, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Em continuidade, o Senhor Presidente, nos termos do § 7º do artigo 12 do Regimento, concedeu a palavra ao Vereador Sebastião Melo, que destacou seu orgulho por integrar este Legislativo, ressaltando sua intenção de realizar um trabalho embasado na defesa das causas populares. Também, durante o período de Pauta Especial, o Vereador João Carlos Nedel, através de Questão de Ordem, enfatizou a necessidade de que o Orador na tribuna atenha-se ao assunto em debate, e o Senhor Presidente registrou as presenças do Coronel Irani Siqueira e do Tenente-Coronel Jandir Leonel Pires, do Comando Militar do Sul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz discorreu acerca de problemas de falta de funcionários no Cemitério São João, declarando que tal inviabiliza o devido atendimento da comunidade e solicitando seja agilizado processo em tramitação na Secretaria Municipal de Obras e Viação, o qual solicita horas extras para funcionário daquele Cemitério. Na oportunidade, o Vereador Nereu D'Ávila manifestou sua intenção de registrar o falecimento do Deputado Federal Nadyr Rossetti, conforme já assinalado pelo Vereador Isaac Ainhorn, através da realização de um minuto de silêncio. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo criticou a atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo Municipal, afirmando não existir uma concreta política de saúde em Porto Alegre e analisando questões referentes ao orçamento municipal e à destinação de recursos federais para a área da saúde. O Vereador João Dib manifestou sua concordância com o pronunciamento efetuado pelo Vereador Luiz Braz, acerca do Cemitério São João. Ainda, teceu comentários acerca dos alagamentos observados na Avenida Assis Brasil, criticando a forma como a Prefeitura Municipal vem encaminhando essa questão. Finalizando, questionou declarações à imprensa efetuadas pelo Prefeito Raul Pont, segundo as quais a construção de uma pista de eventos no Parque Marinha do Brasil não dependeria da aprovação desta Câmara. O Vereador Gerson Almeida teceu considerações acerca de Projetos de Lei do Executivo em tramitação na Casa, relativos ao Orçamento Municipal, reportando-se ao pronunciamento hoje efetuado na Casa pelo Vereador João Dib, quanto aos alagamentos verificados na Avenida Assis Brasil. O Vereador Sebastião Melo discorreu acerca da situação salarial dos servidores públicos municipais, declarando esperar que esses trabalhadores recebam um tratamento diferenciado no próximo ano e tenham melhoradas suas condições salariais e de trabalho. Também, manifestou-se acerca do Imposto Predial e Territorial Urbano, criticando os reajustes pretendidos pelo Executivo Municipal para os valores deste imposto referentes ao próximo ano. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nº 18 e 24/97, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 158/97, este discutido pelo Vereador Adeli Sell, 171 e 174/97, este discutido pelo<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm> Vereador Cyro Martini, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 06/97, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 02/97; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97, discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Adeli Sell, José Valdir e João Dib. Na ocasião, respondendo a Questão de Ordem do Vereador José Valdir, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das formas de autorização para pedidos de uso do tempo de Comunicação de Líder. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn teceu comentários acerca dos reajustes do Imposto Predial e Territorial Urbano durante o período em que o Partido dos Trabalhadores encontra-se à frente do Executivo Municipal, declarando serem observados índices acima da inflação do período abrangido. Neste sentido, criticou os valores propostos para os reajustes deste Imposto referentes ao próximo ano. Às onze horas e vinte e nove minutos, foram suspensos os trabalhos, nos termos regimentais, sendo reabertos, constatada a existência de "quorum", às onze horas e trinta minutos. Na oportunidade, através de Questão de Ordem, o Vereador Adeli Sell questionou o Vereador Isaac Ainhorn, acerca da manutenção de termos utilizados por Sua Excelência durante seu pronunciamento em Comunicação de Líder, tendo o Vereador Isaac Ainhorn afirmado que mantinha todos os termos de seu pronunciamento. Ainda, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da forma de substituição da presidência dos trabalhos durante a presente Sessão, tendo em vista ter solicitado ao Vereador João Dib que o substituísse, quando, nos termos do § 2º do artigo 13 do Regimento, tal deveria estar a cargo do Presidente da Comissão de Constituição e Justiça. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Foi rejeitado Requerimento verbal do Vereador Luiz Braz, adendado pelo Vereador Reginaldo Pujol, solicitando alteração na ordem de votação dos Projetos a serem apreciados, por treze votos SIM, quinze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Luiz Braz e Gerson Almeida, tendo sido submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Renato Guimarães, votando Sim os Vereadores Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco, Gilberto Batista e Sebastião Melo, Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Renato Guimarães e Maristela Maffei e optado pela Abstenção o Vereador João Dib. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Nereu D'Ávila, solicitando sejam votados primeiramente os Requerimentos. Na ocasião, respondendo à Questão de Ordem do Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do adendo efetuado pelo Vereador Reginaldo Pujol ao Requerimento do Vereador<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm> Luiz Braz, acima referido. Em prosseguimento, foi distribuída aos Senhores Vereadores cartilha acerca dos direitos da criança e do adolescente, elaborada pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos deste Legislativo, com texto criado pelas Senhoras Vládia Paz, da Fundação de Educação Social e Comunitária, Janete Cruz, da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor, Elisabete Raimundo, da Aldeia SOS, e Daniela Mello da Rosa, com Ilustração e Projeto Gráfico da Senhora Paula Mastroberti e com o apoio de Dirceu de Conto, do Instituto Domus. Também, o Senhor Presidente convidou a todos para ato de lançamento desta cartilha, a ocorrer no dia dezenove de outubro do corrente, às onze horas, junto ao Monumento do Expedicionário, no Parque Farroupilha. Após, foi iniciada a votação dos Requerimentos. Foi aprovado Requerimento do Vereador Renato Guimarães, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 36/97 (Processo nº 2447/97) seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta de Comissões Permanentes. Foi aprovado o Requerimento nº 249/97 (Processo nº 3117/97 - Moção de Apoio ao Jornal Correio do Povo), de autoria do Vereador Guilherme Barbosa, por quinze votos SIM e onze votos NÃO, em verificação de votação solicitada pelo Vereador Luiz Braz, após ter sido também aprovado em sua votação simbólica, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Maristela Maffei e Não os Vereadores Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Tereza Franco, Gilberto Batista e Sebastião Melo. Foi apregoado o Requerimento nº 251/97 (Processo nº 3132/97 - Moção de Apoio à Companhia Jornalística J.C. Jarros), de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, o qual foi retirado pelo Senhor Presidente, nos termos do artigo 161 do Regimento. Na ocasião, face a Questão de Ordem do Vereador Fernando Záchia, o Vereador Juarez Pinheiro prestou esclarecimentos acerca do Requerimento nº 251/97. Foi aprovado o Requerimento nº 252/97 (Processo nº 3133/97 - Manifestação de solidariedade da Casa à Emenda Popular que visa destinar recursos ao Hospital de Pronto Socorro), de autoria do Vereador Gerson Almeida, por dezessete votos SIM, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo, Fernando Záchia e João Dib, tendo sido submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Cláudio Sebenelo, votando os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Ruas, Renato Guimarães, Sônia Santos e Maristela Maffei. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Eduardo Mancuso, Assessor Especial do Prefeito Municipal de Porto Alegre. Às treze horas e quatro minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente <D>declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Paulo Brum e João Dib, este nos termos do parágrafo único do artigo 27 do Regimento, e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Carlos Garcia. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Queremos registrar o desaparecimento da vida pública rio-grandense e que, no período do regime de exceção, teve seus direitos políticos cassados pelo Governo Militar, em 1977, da figura do extraordinário ex-Deputado Federal Nadyr Rossetti.

Registramos, também, o falecimento de um dos advogados mais antigos do Rio Grande do Sul, Dr. José Maria Pombo Dornelles. Inclusive, este Vereador estará se retirando para representar esta Casa no seu enterro, às 10 horas.

Com pesar, anunciamos o falecimento, no dia de ontem, do ex-Vereador Ari Veiga Sanhudo. Ele foi enterrado ontem no Cemitério São Miguel e Almas.

Lembro, também, com tristeza, em Maceió, em acidente automobilístico, o falecimento do irmão da Vera. Clênia Maranhão.

Em respeito à memória dessas pessoas, faremos um minuto de silêncio.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

A Mesa formalizará os votos de pesar a essas pessoas e não tem dúvida em dizer que o desaparecimento do ex-Deputado Federal Nadyr Rossetti é uma grande perda de uma figura muito importante na vida política deste País, sobretudo na década de 70 e na reconstrução do trabalhismo na década de 80.

Passo a Presidência dos trabalhos ao Ver. Clovis Ilgenfritz, pois este Presidente se retira para representar esta Casa no falecimento do Advogado José Maria Pombo Dornelles.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa gostaria de anunciar que ontem recebemos a visita de diretores da RIOCELL, que vieram a esta Casa para apresentar o Sr. Miguel Sampoul Paul, novo Diretor da RIOCELL, e também fazer as despedidas do Sr. Alfredo Freund, que foi o diretor durante 26 anos na empresa. Estava junto o Sr. Freitas, que é do Conselho da empresa. Achamos importante a visita que foi feita e estamos anunciando a todos os Srs. Vereadores.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Recebemos hoje a Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, que tem como assunto a campanha salarial dos bancários 1997. Está conosco o Sr. Paulo Roberto Stekel, que é Diretor-Financeiro da Federação.

O Sr. Paulo Roberto Stekel está com a palavra.

 

O SR. PAULO ROBERTO STEKEL: (Saúda os presentes.) É com satisfação que a Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul gostaria de colocar alguns dados em termos da campanha salarial dos bancários, tendo em vista os bancários, que tiveram o seu acordo coletivo no mês de setembro, terem feito alguns questionamentos aos próprios banqueiros, durante as negociações, e ao próprio Governo, durante as negociações dos bancos estatais, ao estilo de que os bancos, hoje, não cumprem nenhuma função social. E existe uma afirmativa do atual Presidente do Banco Central de que as desigualdades sociais não são problemas nem do Banco Central e nem dos banqueiros. Em função disso, a Executiva nacional dos bancários listou uma série de números, colocando o que seriam essas desigualdades sociais e, basicamente, o que seria esse sistema financeiro hoje.

O desemprego na categoria bancária atinge em torno de 174 postos de trabalho diário. Esse é o número de demissões ocorridas. De dezembro de 1989, que eram 811 mil, 425 bancários, nesta categoria, hoje, em 1997, nós temos 428 mil, 218 bancários. Em sete anos, dezembro de 89 a dezembro de 96, 314 mil, 316 postos de trabalho foram fechados na categoria bancária, ou seja, 38,73% da categoria foram simplesmente eliminadas nesse período. Nestes últimos dois anos, nós tivemos mais de 127 mil demissões. O sistema financeiro, sozinho, foi o responsável por 21,58% do total de empregos formais extintos no País. Este é um número bastante representativo para o conjunto do desemprego, hoje, que afeta o nosso País. O Bradesco, sozinho, eliminou 45 mil, 762 postos de trabalho.

Nós temos, aqui no Rio Grande do Sul, o Banco Meridional, que, neste último ano, eliminou três mil, 221 postos de trabalho, ou seja, 30,25% do total de bancários que o Banco Meridional detinha. O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Meridional, juntos, extinguiram 41 mil, 955 postos de trabalho, 32,8% do total de empregos nestes três bancos.

Nós temos um problema que afeta basicamente a sociedade brasileira, ou seja, esse desemprego tem contribuído com as filas. Em dezembro de 91, em cada agência, trabalhavam, em média, 42,2% de bancários; hoje, essa média baixou para 26,3%. Ou seja: essas filas que acontecem nos bancos não são de graça, ocorrem em função do desemprego.

Em cima de uma pesquisa que foi feita pelo Datafolha em julho de 96, 57% dos pequenos e médios empresários e 61% dos correntistas pessoas físicas responderam dizendo que o melhor horário para o atendimento ao público seria das 9h até às 17h. A Câmara de Vereadores de Passo Fundo acabou de aprovar uma lei sobre a ampliação do horário de atendimento ao público nos bancos, que seria das 9h até às 17h. Provavelmente já existem tramitações em todas as Câmaras do Estado do Rio Grande do Sul em função desse trabalho que vem sendo feito com os legislativos e com os bancários. De acordo com a pesquisa do Datafolha, 59% das pessoas acham que o número de bancários para atendimento é muito baixo.

Com relação à insegurança, doenças profissionais e um conjunto de outras coisas pelas quais esta categoria vem sendo afetada têm-nos levado a crer que o sistema financeiro, como afirmou o Presidente do Banco Central, não está aqui para resolver o problema das desigualdades sociais. Trinta e um por cento dos bancários de São Paulo disseram que tinham problemas de saúde, nervos, estresse, doenças psicossomáticas e problemas de coluna. Em 95 e 96, somente no Banco do Brasil, houve 25 suicídios de bancários. Os bancos públicos são responsáveis por 91,39% do crédito destinado ao setor público. Do crédito destinado ao setor privado, esses mesmos bancos públicos respondem por 86,06% do que é destinado à habitação e 83,13% do que é destinado à agricultura.

Quanto à concentração de renda, somente neste primeiro semestre de 97, o lucro líquido acumulado de 68 bancos chegou a 2,6 bilhões de reais. Num universo de 36 bancos desses, para os quais há dados disponíveis desse primeiro semestre, 18 bancos conseguiram cobrir mais de 40% das suas despesas de pessoal com receita de prestação de serviços. Isso quer nos dizer que, certamente, a sociedade e a comunidade têm pagado muito mais pelos serviços que os bancos hoje estão prestando. Hoje, com as desigualdades regionais, os bancos estão fechando agências no Norte, Nordeste e Sul do País, concentrando as suas atividades na região Sudeste.

Gostaríamos de entender, pelo menos, uma notícia que, colocada ontem pelo Presidente do Banco Central, publicada no “Correio do Povo”, dizia que a carteira de crédito do Banco Meridional estaria sendo vendida. Já foi parte da carteira de crédito comercial, foi toda a carteira de crédito imobiliário e acreditamos que, se a notícia que foi colocada no jornal é uma notícia verdadeira, não entendemos por que um banco vai existir sem uma carteira de crédito, sendo que a sua atribuição, na prática, é emprestar dinheiro e captar esse dinheiro. Acho que deveríamos tentar averiguar essa notícia para ver se é verídica, tendo em vista que, nesta Casa, a categoria bancária e a sociedade rio-grandense tantas vezes se manifestaram e tanto têm lutado pela sua manutenção. Deveríamos pesquisar um pouco mais isso porque, na prática, significa a extinção do Banco Meridional, a não ser que tenham desistido da sua privatização e optaram pela extinção. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Temos a satisfação de registrar a presença de 40 estudantes, jovens da 3ª série da Escola Estadual de 1º e 2º Graus Fernando Gomes. Acompanham as Professoras Maria Laura da Costa e Heloísa Rodrigues, e as mães Sílvia e Sirlei Ramos. Eles estão conhecendo a Câmara. Ficarão um pouco aqui no Plenário assistindo a nossa Sessão. Depois, irão conhecer as dependências da Casa, que estão um pouco tumultuadas pelas obras; tem que ser considerado isso.

Desejamos as boas-vindas a todos vocês.

Temos um pedido de licença para tratar de assuntos particulares do Ver. Lauro Hagemann na data de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Lauro Hagemann e dada posse à Suplente conforme consta na Ata.)

 

Queríamos dizer ao nosso ilustre visitante, o sindicalista Paulo Roberto Stekel, que, embora não tivéssemos condições de anotar todas as questões colocadas - a Mesa fica envolvida em vários assuntos -, nós sabemos que a campanha que está sendo desenvolvida pela Federação dos Bancários merece, de nossa parte, e tenho certeza de todos os Vereadores, a maior atenção. Nós entendemos que há necessidade de um entrosamento cada vez maior, e acho que o poder local, na medida em que as municipalidades são tão exigidas para tantas coisas, começa a ser importante que as Câmaras Municipais, os próprios Executivos se manifestem no sentido de haver um entrosamento entre as lutas sindicais que são colocadas, porque são de interesse de toda a população, pelo trabalho que aquela categoria desenvolve, e interesse específico da categoria pelos assuntos que estão sendo tratados. Entendemos que estas lutas são muito importantes e queremos dizer, ainda, que vamos averiguar a notícia, da qual, infelizmente, este Vereador não tinha conhecimento, relacionada à extinção ou venda da carteira de crédito do Banco Meridional.

Duas ou três comissões trabalharam nesta Casa com relação ao Meridional. Ainda não desistimos da luta. Vou solicitar ao Ver. Guilherme Barbosa, que presidia a Comissão, ao Ver. Pedro Américo Leal, Vice-Presidente, e à Vera. Clênia Maranhão, Relatora, que vejam o que está acontecendo para tomar as providências cabíveis com a maior urgência. Claro que todos os Vereadores participarão, mas esse trio de Vereadores tem tratado do assunto mais amiúde. Solicitamos esses préstimos no sentido de ajudar a esclarecer e tomar providências.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Queria informar - e essa informação é até certo ponto preciosa - que há um impedimento de qualquer transação com o Banco Meridional porque ontem se flagrou uma ação de acionistas minoritários e a União teria que repor, segundo decisão dos juízes - claro que não foi feito grau de recurso -, um valor aos acionistas minoritários de toda a transação do Banco Meridional, inviabilizando a transação. Essa é uma notícia, por um lado, muito boa. A primeira instância judicial ainda não foi resolvida. Isso demanda, mais ou menos, em instâncias judiciais, muitos anos. Esse processo impede não só o Governo de privatizar, como o banco interessado de adquirir.

 

O SR. PRESIDENTE: Esta, de certa forma, é uma notícia que nos coloca numa situação de expectativa de que se inviabilize imediatamente o processo, pois são em torno de 120 mil acionistas minoritários.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Esta ação tem o valor da transação.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós entendemos que a missão da Tribuna Popular foi cumprida, pois há uma conscientização dos Srs. Vereadores com relação à campanha salarial dos bancários no Rio Grande do Sul e, também, em relação à questão específica do Banco Meridional.

Agradecemos a presença do sindicalista Paulo Roberto Stekel, que é Diretor- Financeiro da Federação.

Suspendemos a Sessão para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 9h36min.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (às 9h38min): Estão reabertos os trabalhos. Passamos à

 

 

PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3033/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/97, que estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de 1998. Com Anexos I e II.

 

PROC. 3034/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 043/97, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE para o exercício econômico-financeiro de 1998. Com Anexo I.

 

PROC. 3036/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 044/97, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB para o exercício econômico-financeiro de 1998. Com Anexo I.

 

PROC. 3037/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 045/97, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU para o exercício econômico-financeiro de 1998. Com Anexo I.

 

PROC. 3038/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 046/97, que estima a Receita e fixa a Despesa da Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC para o exercício econômico-financeiro de 1998. Com Anexo I.

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta Especial. Ausente. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta Especial. Ausente. O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a minha intervenção, nesta Pauta Especial, será rápida, muito rápida, mas, no meu entendimento, muito importante.

Sempre digo desta tribuna que lei deve ser clara, precisa, concisa e respeitada. Uma das funções do legislador, maior do que fazer leis, é fiscalizar o cumprimento da lei. Nós, juntamente com outros Vereadores desta Casa, assinamos uma emenda popular para que a Assembléia Legislativa coloque uma verba para o Pronto Socorro. Isso está absolutamente correto, não tenho nenhuma restrição. A minha restrição está com o descumprimento da Lei Orgânica do Município, com a saúde no Município. Já que tanto se critica o Estado e a União pela falta de recursos para a saúde, eu vou fazer a minha colocação de que - não é de crítica -, mas entendo que a Câmara Municipal há de exigir o cumprimento da Lei Orgânica ou mandará rasgar a própria Lei Orgânica, já que ela não terá sentido nenhum.

Tenho, aqui, o Parecer da Comissão de Justiça do dia 26 de novembro de 1996: “Vem a esta Comissão, para parecer, Requerimento de autoria do Ver. João Dib, relativo ao Processo 1997/96 em epígrafe”. Inicialmente, o processo foi encaminhado à Assessoria Técnica Parlamentar por este relator no intuito de ali buscar o aconselhamento técnico sobre a matéria em questão. O relator designado naquele órgão solicitou fosse encaminhado o processo ao Vereador requerente para melhor definição do objeto do Requerimento em tela. Atendida a demanda formulada pela ATP, o processo foi analisado pelo economista Marco Antônio Damin, que emitiu o seguinte parecer a respeito do requerido na inicial do presente processo:

“Quando a lei trata das despesas globais do Orçamento anual do Município, refere-se ao orçamento consolidado, ou seja, à Administração Direta e Indireta, autarquias e fundações, e é sobre este total que incidirá o percentual de 13% que é especificado no parágrafo 2º do artigo 164 da Lei Orgânica Municipal. Não há o que reparar no Parecer exarado pelo douto relator da ATP, o qual referendamos por ser técnico, conclusivo e por responder satisfatoriamente a questão aqui apresentada. Sala da Comissão, 26 de novembro. Ver. Airto Ferronato, Presidente da Comissão e Relator, Ver. João Motta, Vice-Presidente” - que concordou -, “Vereadores Elói Guimarães, Fernando Záchia, José Valdir, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo” - todos concordaram. Portanto, a consulta foi aprovada por unanimidade pela Comissão de Justiça.

E a análise que se faz com o Orçamento proposto pelo Sr. Prefeito é que o Orçamento da Secretaria Municipal de Saúde para o próximo ano é de 334 milhões, 861 mil e 578 reais; retirada a verba do SUS, temos 259 milhões, 404 mil reais. O Orçamento líquido, portanto, da Secretaria Municipal de Saúde é 75 milhões, 457 mil e 578 reais. O Orçamento do Município, na forma da Lei Orgânica, art. 64, parágrafo 2º, é de um bilhão, seis milhões, 475 mil e 920 reais. Retirada a verba do SUS, ele se torna 747 mil, 71 mil e 920 reais. Vale dizer que o Município está aplicando na saúde 10.1, quando a Lei Orgânica determina que sejam 13%. Se tiver apenas o Orçamento da Centralizada, aí, sim, a aplicação é de 13,3%. No caso da despesa com a educação, realmente, está aplicando 30.1, que é o que determina a Lei Orgânica.

Gostaria de saber qual a colocação dos meus nobres pares frente à Lei Orgânica que todos os 33 Vereadores, Prefeito e Vice-Prefeito, no dia 1º de janeiro de 1997, juraram cumprir. Cumpriremos a Lei Orgânica, mudaremos a Lei Orgânica, ou o que vamos fazer para agir dentro da legalidade? E legalidade pressupõe honestidade e seriedade. Saúde e paz. E por falar em saúde, 13% do Orçamento global do Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Pauta Especial.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Orçamento do Município de Porto Alegre é de 826 milhões; excluído o SUS, é de 566 milhões. A receita de 1997 e a projetada para 1998 não indicam um crescimento significativo. Essa é uma preocupação deste Vereador e, creio, de todos nós. É bom que se pergunte por quê? Afinal de contas, os problemas de Porto Alegre não estão todos resolvidos - aqui fala um Vereador do Governo -, porque o Brasil está em crise, a saúde do Brasil piorou, e a situação de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre - não é este Vereador que diz ou inventa, é a Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul que demonstra - está em torno de 17% desde o mês de março deste ano. Eu repito: é a Fundação de Economia e Estatística - FEE -, órgão auxiliar do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Portanto, nós temos que nos perguntar o que fazer com o Orçamento que de um ano para o outro não aumenta. Alguns Vereadores querem que ele diminua. Alguns Vereadores querem que o Orçamento de Porto Alegre diminua, porque são contra a nossa proposta de adequação da planta de valores do IPTU, apesar de o IPTU continuar baixo, porque, no caso de Porto Alegre, não apenas o valor venal está defasado, mas também as alíquotas proporcionais. Quem tem imóvel de menor valor paga proporcionalmente menos, que fazem com que 60% dos contribuintes residenciais tenham um imposto de menos de 50 reais. Na média, o imposto lançado para esse contribuinte é de 22 reais.

É importante lembrar que esse mesmo contribuinte que paga 50 reais de IPTU pagará apenas 4,50 a mais, em função da nova planta de valores, que significará 0,45 por mês, ou seja, o preço de alguns chicletes. Mas alguns são insensíveis às matérias de jornais. O jornal “Correio do Povo” diz que os juros pagos no comércio no mês de setembro são de 9,08% ao mês, quando a inflação está 5% ao ano, ou seja, ninguém aqui denuncia a usura e a agiotagem feita legalmente neste País, neste Estado, mas se faz uma grita generalizada que não estou encontrando eco nos quatro cantos de Porto Alegre. Não vejo o contribuinte se queixar do pagamento do IPTU, porque nós precisamos das receitas. Senão, vejamos: as receitas próprias do Município de Porto Alegre têm aumentado. Vamos aos números: em 1996 - 54,26%; em 1997 - 57,24%, um aumento de 3% da nossa arrecadação própria; projetados para 1998 - 58,21%, 1% a mais.

Mas a contradição está aqui. As receitas de transferência têm diminuído a participação do Orçamento no Município. Em 1996 - 45.74; em 1997 - 42.76; e 1998 - 41.72. Se tivesse ficado estável a participação das transferências, não teríamos elas por elas, mas sim um aumento de 6 a 7% do Orçamento do Município. Hoje, que nós estamos aplicando quase 20% de investimento, imaginem com esse outro “plus”, que poderia ser a mais, se o Governo Federal ou o Estadual tivesse mantido o patamar de transferências. Porto Alegre teria não 20 Km de estradas pavimentadas no ano que vem, mas teria 27, e 7 Km de pavimentação na Cidade fazem diferença. Nós não teríamos as obras que já realizamos, mas teríamos muito mais cano debaixo da terra.

As responsabilidades, Srs. Vereadores, estão fundamentalmente com o Governo do Estado e com o Governo Federal, cujos Vereadores têm que vir aqui explicar por que essas verbas têm diminuído. Nós estamos cumprindo com o nosso papel. Com dificuldades estamos aumentando a arrecadação do Município. O Estado e a União nos devem 7%, mas há setores da economia desta Cidade que devem muito mais.

Eu me irrito, me causa angústia quando vejo que setores da Justiça fazem o jogo de setores econômicos, porque, se nós aumentamos o nosso ISSQN, que hoje está em 20 ou 21% da nossa arrecadação, que aumentou significativamente, as pessoas estão pagando, mas os donos de cartórios, por uma liminar de uma juíza irresponsável, por donos de cartórios irresponsáveis, não pagam o ISSQN. Nós não faríamos 20 km de pavimentação. Os cálculos, por cima, me indicariam que, no mínimo, eles levam 3, 4, 5 km de asfalto, fora outras obras importantes a cada mês, a cada ano, de Porto Alegre. Eu não me calo diante disso, quando vejo o Orçamento de Porto Alegre ficar no equilíbrio de um ano para outro, porque, a cada dia em que se aumentam obras, em que se aumentam realizações, com o aumento da população, com o afluxo de pessoas que vêm de outros lugares, nós temos outras demandas a responder .

Porto Alegre precisa ser o centro do Mercosul: centro turístico, cultural. A transferência de ICMS diminuiu: em 96, foi de 27,73; em 97, foi de e 26,51; e a projeção nos dá, para este ano, 24,12. E eu digo que esse número, dado pelo nosso Secretário Municipal, é generoso, porque o ICMS, neste ano, no Rio Grande do Sul, diminuiu 5% não porque os fiscais não estejam cobrando: é porque diminuiu o seu número. Trezentos fiscais saíram do serviço público estadual porque há uma crise, e, diante disso, o Governo não responde; prefere dar isenções. E o Fundo de Participação dos Municípios? Eis o Governo Fernando Henrique Cardoso: o FPM, em 96, foi de 5,56; em 97, de 4,1; em 98, está projetado - número generoso - em 3,71. O que fica com o FEF, com a Lei Kandir, com a centralização de 54% dos tributos do Governo Federal é um escândalo.

Eu quero que os representantes do Governo Federal e do Governo Estadual venham aqui discutir os números do Orçamento de Porto Alegre. Eu faço um desafio. E, se nós não tivermos tempo para discutir essas questões aqui no Plenário, que façamos sessões extraordinárias, que abramos os números para a população de Porto Alegre. E faço um desafio: que a minha Comissão - a CEFOR - faça isso.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, ouço-o com muita atenção. Eu gostaria de saber a sua posição sobre os 13% para a saúde: se é do Orçamento global do Município, como determina a Lei Orgânica, ou se apenas da Administração Centralizada, como propõe o Prefeito?

 

O SR. ADELI SELL: Agradeço pelo aparte, Ver. João Dib. Eu sou muito franco e sincero.

Na consulta que fez a Comissão Externa desta Casa, presidida por V. Exa. e da qual fui o Vice-Presidente, a resposta dizia que seria do global. Eu quero levantar essa questão ao meu Secretário e, com o tempo, pretendo respondê-la com tranqüilidade, sem dar, de antemão, juízo de valor, mas prometo que consultarei o Secretário, verei o que é e o que nós podemos e devemos fazer, independentemente dessa questão, que é uma questão importante, a da saúde no Município e no Estado. Tive acesso a uma pesquisa que diz que o grande problema da Região Metropolitana de Porto Alegre, segundo os entrevistados, é a saúde pública, em segundo o emprego e em terceiro a segurança. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que solicita licença para tratamento de saúde no dia de hoje.

 

 

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença da Vera. Anamaria Negroni e dada posse ao Suplente conforme consta na Ata.)

 

Saudamos o Presidente Municipal do PMDB, Sebastião Melo, por sua presença.

O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu reputo a discussão sobre o Orçamento do Município como a mais importante que a Câmara de Vereadores pode fazer, já que é nele que se vislumbram as prioridades que a Cidade obterá em termos de investimentos para o próximo ano. E é natural que, ao definirmos as prioridades, estejamos afirmando compromissos e caracterizando a natureza da Administração que possuímos.

Eu não quero criar nenhuma nova forma de avaliar os governos, mas me parece que qualquer analista que queira saber qual a natureza e os reais compromissos de um governo deve começar não a olhar a que partido pertence ou que ideologia prega, mas olhar o seu orçamento. Eu acho que a partir daí nós vamos aprender muito sobre todos os governos, e as promessas podem não passar. Então, se nós concordarmos com isso, que eu não quero tornar em algo dogmático ou uma lei férrea, mas como uma proposta para um patamar igual de debate, aí, então, vamos começar a avaliar os orçamentos, no caso, agora, o de Porto Alegre.

Em primeiro lugar, eu queria tratar sobre o método do Orçamento. A Câmara Municipal é soberana e deve, legitimamente, votar e discutir o Orçamento do Município. No entanto, já há muitos anos, desde o advento da Administração Popular em Porto Alegre, que o Orçamento deixou de ser uma peça de cunho pessoal e de arbítrio próprio do Prefeito, do Poder Executivo. O Orçamento em Porto Alegre cada vez mais tem sido menos estatal e mais público. Isso não é uma frase apenas. Até então, e a Constituição garante isso, ao Prefeito, ao Chefe do Executivo cabe encaminhar a peça e fazer a obra orçamentária. Isso é um orçamento tipicamente estatal. Apenas o Estado faz ou o chefe do Estado. O Orçamento de Porto Alegre, nos últimos 10 anos, praticamente, tem cada vez mais se tornado um instrumento público, porque a sociedade organizada e fortemente participativa começa, crescentemente, a se apropriar dessa peça, fazendo com que cada vez mais deixe de ser estatal e passe a ser público.

Neste ano de 97, cerca de 20 mil pessoas participaram das discussões que redundaram na peça que veio para a Câmara. Algumas pessoas têm defendido que isso significa esvaziar o Poder Legislativo, ou coisa do gênero. Parece-me que não. Parece-me que é fortalecer os compromissos sociais e fazer com que a proposta orçamentária não seja apenas um ato de vontade arbitrária e que, eventualmente, possa ser cumprida para começar a se enraizar na sociedade, estabelecendo um nexo de compromisso entre Executivo, sociedade e, naturalmente, Legislativo. Acho que o fortalecimento da proposta orçamentária, a robustez social que ela ganha com esse processo é muito grande. Portanto, os compromissos que estabelece são muito mais difíceis de serem quebrados.

Penso que temos aqui Vereadores experientes que já participaram não só de secretarias, mas que já foram chefes do Executivo e sabem o quanto é importante esse enlace entre sociedade e Executivo, porque as demandas sempre são muito maiores do que a capacidade orçamentária. Arrecadando mais ou menos, as demandas sociais sempre são bem maiores e, portanto, é preciso que haja uma definição criteriosa sobre prioridades, porque alguém sempre vai se sentir lesado, alguém sempre vai achar que poderia ser a sua rua e não a do vizinho a prioritária. Aí, os critérios mais universais são fundamentais para que nós possamos estabelecer uma relação superior entre todo o conjunto da Cidade que, em última instância, é demandante e beneficiário de qualquer recurso investido na nossa Cidade.

Dito isso, que é sobre o método - e eu sustento a idéia de que o Orçamento do Município cada vez ganha características que são mais públicas e menos estatais -, eu quero realçar o seguinte: o total de investimentos, obras e equipamentos, custeados pelas receitas próprias e de capital da Administração Direta e Indireta, chega a 148 milhões, 317 mil e 109 reais. Vejam que é um valor de monta, especialmente se levarmos em conta a situação precária em que os municípios se encontram. Não é à toa que municípios governados pelos mais diversos partidos, especialmente do Rio Grande do Sul, têm feito uma movimentação bastante forte e firme contra essa forma de reconcentração de recursos aplicada pelas políticas do Governo Federal e, lamentavelmente, pelo Governo Estadual, que não só quer concentrar recursos, como sequer tem feito os repasses que deve fazer para os municípios. Vejam que essa combinação de fatores pressiona dura e fortemente as receitas municipais. Esse valor de mais de 148 milhões representa não menos que 19,85% do total de despesas que tem a monta de 747 milhões e uns quebrados mais. Vejam que as finanças do Município são corroídas de uma forma drástica pelas políticas de reconcentração de recursos na escala federal e estadual, mas, sobretudo, por um processo evidente, que tem infiltrado o conjunto das relações econômicas no País, de desaquecimento da economia, e muitos economistas da base governista têm falado de uma recessão que não só se avizinha, como na qual já ingressamos fortemente.

Vou fazer um parêntese para usar os dados da Organização das Nações Unidas, reproduzidos pelo jornal “Zero Hora”, onde mostra os dados de concentração de renda e os de pobreza que assolam o planeta inteiro, e o Brasil, infelizmente, não é uma exceção. O Brasil talvez seja uma das mais trágicas expressões de que aqueles dados são absolutamente verdadeiros. Basta ver a concentração de renda do Brasil, que nos dá o título de país com a maior concentração de renda do mundo. Esta é a tragédia que emoldura o contexto sobre o qual os prefeitos devem orientar as suas ações. Mesmo neste contexto adverso, sob qualquer ponto de vista, o Governo Municipal consegue manter 19,85% de investimentos em Porto Alegre. Isso deve ser registrado e deve ser motivo de orgulho para todos nós que, apesar das dificuldades, conseguimos ainda investir na ampliação da melhoria da qualidade de vida dos nossos cidadãos.

No entanto, para assegurar isso, nós não podemos ficar dóceis em relação a esse projeto de autofagia que o Estado tem executado em relação aos municípios, a essa escala menor de poder de Estado. A Câmara de Vereadores já fez, por maioria, vários protestos contrários a esse expediente, mas precisamos ir além, no que cabe a esta Câmara legislar: reagir tributariamente e esse esfacelamento das finanças públicas que, a rigor, é o esfacelamento da capacidade de atendimento das demandas sociais da população, que é o esfacelamento da capacidade organizativa da Cidade, de permitir que os serviços públicos continuem melhorando, como tem acontecido, e, em alguns casos, excelentes. É preciso que nós façamos a nossa parte.

Como vamos, segundo a nossa proposta orçamentária, manter ainda 20 km de vias que serão construídas no ano de 1998, que vão se somar aos 200 km que foram construídos desde 1991, perfazendo um total de 220 km, num curto espaço de tempo? Sei que há muita coisa para se fazer. Por sermos pessoas inquietas com as condições de vida, sempre buscando melhor qualidade de vida, jamais vamos nos satisfazer com as coisas como estão. No entanto, isso é uma pequena revolução na Cidade, porque 220 km de vias para uma cidade como Porto Alegre significam, concretamente, na rua, no bairro, nas casas, que não se precisa mais pisar no esgoto. Essa era a realidade de grande parte da nossa Cidade: esgoto correndo a céu aberto. No verão, quando o sol aparecer e o calor aumentar, as pessoas passarão a não comer mais areia e poderão, de agora em diante, estender o lençol branco, depois de lavado com muito esforço, no pátio da casa, porque ele não vai ficar marrom antes de secar. Isso significa que nos dias de chuva não vão mais se atolar no barro.

A Vera. Nega Diaba certamente há de concordar que essa pequena revolução que se operou na Cidade em pouco tempo, de 220 km de asfaltamento, com saneamento básico incluído... Como Vereadora popular genuína, sabe muito bem o que significa para a Cidade, assim como os demais 32 Vereadores e Vereadoras, com certeza, sabem disso. Mas não é só isso. São mais de 12 milhões para saneamento básico, que vão se agregar aos milhões já investidos na Cidade de Porto Alegre nos últimos anos, que fizeram com que o esgoto sanitário, aqui, tenha padrões muito acima da média nacional.

Quero anunciar, na próxima Sessão Especial, que quero discordar fortemente, apesar de fraternamente, do Ver. João Dib sobre a sua avaliação de saúde e reivindicar que ele tenha um pouquinho da garra que ele tem no Município para reivindicarmos juntos mais verbas para saúde no Estado inteiro, porque é lamentável a capacidade orçamentária da saúde, porque a emenda popular que estamos apoiando juntos vai ser votada lá, e temos que fazer uma pressão forte junto com todos os Vereadores para tirar uma pequena parte. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Tendo em vista o afastamento da Vera. Clênia Maranhão, em licença por luto, a Mesa dá posse ao Suplente.

 

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença da Vera. Clênia Maranhão e dada posse ao Suplente conforme consta da Ata.)

 

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, nos termos do § 7º do art. 12 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, primeiramente, quero dizer da minha alegria de, mesmo por um período curto, assumir no lugar da Vera. Clênia Maranhão, que se afastou do Município pelo falecimento do seu irmão.

Sou goiano de nascimento e gaúcho de coração, que me aquerenciei aqui, na Capital do Rio Grande do Sul lá pelo ano de l978. Em Porto Alegre, construí minha vida numa relação muito respeitosa, como cidadão, como advogado das causas populares e como militante do MDB, depois, fundador do PMDB. Hoje, talvez não pela competência, mas pela bondade dos companheiros, fui guindado à Presidência do Partido. Portanto, chego a esta Casa com uma votação muito expressiva no sistema proporcional. Vejam que eu sou o 19º Vereador mais votado desta Casa - 5.735 votos. Infelizmente, por uma questão de legenda, não cheguei à Câmara. Mas este é o sistema eleitoral vigente. Chego aqui no momento em que existem muitos projetos e muitas questões a serem discutidas, extremamente importantes para a vida da Cidade. Esta Casa, que é composta por Vereadores brilhantes, comprometidos com as causas populares, deve estar perfeitamente em sintonia com o dia-a-dia da Cidade. Não se pode exercer um mandato sem esta regra básica, que é a interação do dia-a-dia com as coisas da Cidade.

Como advogado, por muito tempo militei na FRACAB e em outros movimentos da sociedade civil organizada. Sei o quanto isso é importante, porque a Cidade tem as suas demandas diárias, a sua organização popular, e o Vereador, o político deve ser o instrumento dessa ligação através da sua representação, e é com esse espírito que assumo a Câmara talvez por horas, dias.

Ouvi o Ver. Gerson Almeida dizendo que a questão político-partidária é importante. Nós temos os nossos partidos e os defendemos, mas entendemos que a Casa do Povo deve estar acima da questão político-partidária. Podemos, e devemos, divergir, como eu, que tenho muitas questões com as quais não concordo em relação à Administração Popular, e, evidentemente, teremos a oportunidade de debatê-las; com certeza, muitos não concordam com a linha do Governo do Estado, e esta tribuna será, sem dúvida alguma, palco dessas boas discussões, mas com respeito e grandeza.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu Líder Ver. Fernando Záchia, assumo este mandato, neste período transitório, com muita satisfação e querendo contribuir. Como já disse, vim da Piracajuba e em Porto Alegre construí uma relação muito sadia com a sociedade e quero retribuir esse apoio popular que tive nas eleições de 1996. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

 

O SR PRESIDENTE: Em nome da Mesa Diretora e da Câmara, desejamos as boas-vindas ao Ver. Sebastião Melo.

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra em Pauta Especial.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é interessante fazer comparações neste início de debate sobre o Orçamento municipal. No momento em que grande parte dos municípios atravessa uma das mais sérias crises, tendo dificuldade em honrar a prioridade de seus orçamentos, que é manter em dia o salário dos seus funcionários, e grande parte dos municípios no Brasil têm essa dificuldade de honrar com o pagamento dos salários dos funcionários, Porto Alegre apresenta à Câmara de Vereadores um orçamento que, além de pagar em dia os salários dos funcionários, apresenta, nessa proposta, uma perspectiva de investimento, uma perspectiva de continuar melhorando a Cidade.

É interessante destacarmos isso no momento em que se discute o Orçamento para dizer que não estamos aqui a esmagar um modelo de educação. O modelo de educação em Porto Alegre tem sustentação no Orçamento. O custo/aluno em Porto Alegre é em torno de mil a 1.200 reais. Se for comparado com o custo/aluno da Secretaria do Estado - é lamentável até fazer essa comparação -, além de não ter responsabilidade nenhuma com esta área, o custo/aluno não chega a 300 reais.

Quando se faz a polêmica de que o Município não gasta os 14%, na visão de alguns, mas gasta 10%, devemos dizer que ele não gasta nem 14%, nem 10%; o Município aplica muito mais. O dinheiro que vem para Porto Alegre, de fato, é aplicado em saúde. Com o dinheiro que está vindo da municipalização, estão sendo recuperados totalmente 60 postos na Administração Popular. Feita a municipalização, o dinheiro que vem para Porto Alegre é gasto com saúde. E isso não se diz. Não se diz que os 21 milhões do SUS estão melhorando, sim, áreas especializadas, estão melhorando o atendimento ambulatorial, estão melhorando as condições de atendimento nos postos básicos do Município. Tivemos, no final da semana passada, a inauguração de mais três programas de saúde da família. Isso vem da execução de um orçamento de saúde.

Como é que está a Prefeitura de São Paulo, onde diariamente há denúncias de fechamento de postos de saúde? Onde está a denúncia do Programa Paz, que não produz paz nenhuma? Esta denúncia não aparece aqui. É totalmente desmantelado o serviço de saúde lá. É preciso ressaltar que, se Porto Alegre coloca na proposta orçamentária um valor para a saúde, eu gostaria de perguntar a V. Exas.: qual é a proposta no orçamento do Estado para a saúde? No ano passado, foram executados 2,48% do orçamento do Estado para a saúde. Imaginem V. Exas., com um orçamento desses, conseguir manter todo o sistema de saúde do Estado, repasse para os municípios, sustentação de serviços de referência! Isso não é possível. Por isso, nós temos serviços importantes, no interior, de referência, mas hospitais importantes estão sendo fechados por causa desse número - 2,48%. O Governo do Estado, neste ano, não chegou a executar 1,5% do seu orçamento de saúde.

Estamos fazendo este debate porque Porto Alegre aplica pouco em saúde, mas não fazemos o debate de que a aplicação dos recursos do Governo do Estado, que não chega 1,5% em saúde, está causando essa imensa crise que nós todos acompanhamos. É preciso dizer que estamos fazendo um debate com a sociedade sobre o Hospital de Pronto Socorro. Queremos contar com a parceria do Governo do Estado nas melhorias das condições de atendimento do Hospital de Pronto Socorro. No Hospital de Pronto Socorro, hoje, 40% da clientela vêm de outras regiões do Estado. Nós queremos que o Governo do Estado seja nosso parceiro para manter esse atendimento, porque só a Prefeitura de Porto Alegre não tem condições de manter um serviço que é referência para todos, para todo o Estado. O Governo do Estado, no ano passado, foi contrário à Emenda Popular. Nós esperamos que, neste ano, com a ampliação do apoio na Assembléia Legislativa, o Governo venha a reconhecer que é necessário aprovar essa Emenda e cobrir 40% dos gastos para o Hospital de Pronto Socorro.

É importante, quando se faz a discussão do Orçamento do Município, fazer uma séria denúncia. O Ver. Sebastião Melo, que assume hoje, diz que os Vereadores têm que estar inteirados dos problemas da Cidade. A Secretaria do Estado demitiu mais de cem servidores da área da saúde na última semana, fazendo com que a Central de Psiquiatria ficasse com sérios problemas de funcionamento. Alega a Secretaria que está cumprindo uma medida judicial. Pergunto: o que vamos alegar para os usuários da Central de Psiquiatria?

O orçamento da Cidade se consolida com uma parceria, com os repasses do Governo do Estado e do Governo Federal. Foi por aí que construímos na Constituição Federal a visão de municipalização. Não é repassar equipamentos sucatados, mas repassar verbas para fazer esses equipamentos funcionarem.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Primeiramente, V. Exa. é municipalista, e a saúde é responsabilidade do Município. A saúde, em Porto Alegre, vai muito mal desde o início da gestão do Dr. Olívio Dutra. Na verdade, o dinheiro aplicado aqui em Porto Alegre é dinheiro do SUS, do Governo Federal. Quanto ao Governo do Estado, é verdade que o orçamento do ano passado foi menor. Mas V. Exa. viu o orçamento deste ano? Subiu substancialmente o orçamento da saúde e o Governo do Estado tem como uma das prioridades, no Rio Grande do Sul, a questão da saúde.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: No papel, o que está registrado é 2.48 no ano passado e, neste ano, não executou ainda 1.5.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Ver. Sebastião Melo afirmou que o orçamento do Estado aumentou bastante na área da saúde. Sim, no papel. V. Exa. já disse que até agora, mês de setembro, o Estado não gastou 3% do seu orçamento, enquanto que, no papel, tem 10%. No orçamento do ano que vem, nas várias áreas sociais, o Governo do Estado está aumentando por dez algumas rubricas. É uma mágica fantástica! As perspectivas verdadeiras - todo mundo sabe - são de que os orçamentos diminuam, ou, na melhor das hipóteses, mantenham os seus valores totais. E o Estado consegue uma mágica fantástica de multiplicar por dez algumas rubricas. Dizer que a saúde no Município vai muito mal é desconhecer a real situação dos postos de saúde do Estado quando os entregou para o Município, pois estavam todos sucatados. Vamos esperar até o final desses quatro anos para ver como nós vamos deixar muito melhor do que recebemos.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Renato Guimarães, nós asseguramos o seu tempo para conceder uma Questão de Ordem para o Ver. João Carlos Nedel.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu tenho dificuldades para entender e esmiuçar o Orçamento do Município, mas gostaria que a discussão se restringisse ao Orçamento do Município e não ao do Estado. Considero que o aparte feito e o orador estão tratando de outro assunto. Eu quero que a Presidência oriente o orador para não se afastar da discussão, que é o Orçamento do Município. Eu sou Vereador de Porto Alegre e quero saber sobre o Orçamento do Município.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, o orador está dentro da discussão em Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Dando continuidade ao debate sobre o Orçamento do Município de Porto Alegre, gostaríamos de dizer aos nobres Vereadores, que devem estar inteirados dos problemas da Cidade, que a Prefeitura, além de colocar em ordem o conjunto de 60 postos de saúde que recebeu do Estado - alguns sucatados e outros com as luzes apagadas, mas com a porta aberta -, construiu, em toda a Cidade, um conjunto de serviços de referência. A exemplo disso, lá na Região Leste, temos um serviço de mais de 1.500 m2 construídos, e isso com verba do Orçamento municipal que os Srs. Vereadores, nas gestões passadas, aqui aprovaram. É interessante que se diga isso.

Eu fiz a denúncia aqui sobre as demissões na Secretaria da Saúde do Estado porque elas hoje interferem no serviço da Secretaria Municipal de Saúde. Portanto, este assunto está indiretamente ligado à pauta, porque vamos precisar do dinheiro do Orçamento para manter esses serviços.

Continuando a discussão sobre o Orçamento do Município de Porto Alegre, acredito que não há como fazer o debate do Orçamento de Porto Alegre deslocando-o dos demais orçamentos. Ou acaso não estamos dentro de uma União? O Município de Porto Alegre, pelo que eu sei, pertence a um estado que está dentro de uma federação, que é o Brasil. Tem que haver repasse desses dois setores para o Município de Porto Alegre. A verba está lá no orçamento desses outros dois níveis de governo, mas os repasses não estão acontecendo. Temos que abordar isso no debate sobre o Orçamento Municipal.

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Renato Guimarães, é importante se ater, com relação ao que alguns Vereadores levantaram, ao Orçamento do Município. O Orçamento só pode ser discutido, com todos os serviços e obras que têm que ser feitas, se tratar também dos orçamentos estadual e federal, porque foram repassados serviços que eram do Governo Estadual e Federal para o Município e automaticamente devem ser repassados os recursos, senão se torna uma piada. Teria que ser alterada toda a estrutura de arrecadação dos impostos no Brasil e isso não foi feito. A Constituição Federal não fez isso. Passa-se o ônus e o bônus; senão, é brincadeira.

 

A Sra. Maristela Maffei: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Essa discussão é interessante porque a gente começa a entender melhor todo o contexto que estamos vivenciando. Gostaria de dizer ao nobre Ver. Sebastião Melo, com o seu ingresso como Vereador, que ele fez um excelente trabalho na Vila Pitinga, em termos de eleição. Este foi o primeiro município do Rio Grande do Sul que implantou um trabalho para a comunicação dos pacientes que ora conseguiram consultas recebendo correspondência na sua casa. Isso foi executado agora, Ver. Sebastião Melo, justamente porque o sistema de ambulância é notoriamente revigorado, cada vez mais, pelos Governos Federal e Estadual, de comprar ambulâncias aos municípios e jogar os pobres dos pacientes em nossa Capital. E, mesmo assim, o nosso Secretário, Henrique Fontana, com um grande esforço junto à Secretaria, conseguiu implementar esse trabalho comunicando aos pacientes quando têm consulta, com toda a miséria de verba que nós temos e conseguimos gerir na nossa Cidade. É muito boa a discussão, que cada vez mais se demarca no campo ideológico.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos saudar as presenças do nosso amigo Cel. Siqueira e do Tenente-Coronel Jandir Leonel Pires, do Comando Militar do Sul, que está fazendo estágio como Assessor Parlamentar.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou falar de Porto Alegre, porque, afinal de contas, como Vereador, é esta a minha obrigação e parece que os Vereadores do PT não gostam muito de falar sobre Porto Alegre. Mas até vou, nesta minha intervenção, solicitar que os Vereadores do PT possam se inteirar desse assunto que chegou ao meu gabinete ontem, mas acredito que os Vereadores do PT já estão cientes daquilo que está acontecendo.

Nós sabemos que o Cemitério São João está, realmente, em péssimas condições. O Cemitério São João, que é administrado pelo Município, tem apenas quatro funcionários e, por incrível que pareça, eles têm uma determinação da Administração Municipal para fazer revezamento na época de finados. Esse revezamento não sei como será feito, até porque também a administração do Cemitério São João é responsável pelo Cemitério da Ilha que, no sábado passado, deixou de enterrar uma pessoa porque o funcionário municipal que estava designado para lá não quis continuar trabalhando sem as horas extras que foram negadas pela administração. Ele se chama Pedro Ismael. Ele foi trocado por uma funcionária chamada Márcia, que foi para a SMOV, onde tinha horas extras na função que exercia junto ao Cemitério São João. O Pedro Ismael foi para lá para exercer essa função e, por incrível que pareça, não recebeu horas extras.

Existe um processo que está na mesa do Secretário da SMA há 250 dias. Há 250 dias o funcionário Pedro Ismael está esperando que o Secretário da SMA despache o seu processo favoravelmente para que ele receba as horas extras que lhe darão condições necessárias para que ele possa fazer suas funções junto ao Cemitério da Ilha.

Quando eu fiquei sabendo que um corpo ficou insepulto no Cemitério da Ilha porque um funcionário da Ilha não podia ir trabalhar, nós fomos verificar. Por incrível que pareça, eu vejo que a administração chamada popular, Ver. João Dib, não sabe absolutamente nada a respeito do Proc. 001.002.009897.0. Esse processo, infelizmente, não é do conhecimento do pessoal da Administração Popular. Enquanto isso, o pessoal das ilhas está numa situação muito difícil. Se aquelas pessoas que são obrigadas a enviarem os seus mortos para o Cemitério São João já têm problemas muito sérios, e vão ter problemas maiores ainda nesta época de finados, porque com quatro funcionários vai haver um revezamento, o que significa que ficarão apenas dois funcionários para cuidar de todo o Cemitério, imaginem, não vamos ter nas ilhas nenhum funcionário. E o Cemitério da Ilha, que é uma obrigação do Município, que é uma obrigação do Cemitério São João, está realmente sem condições de continuar o seu funcionamento.

Ontem, eu fazia um contato com o administrador do Cemitério São João e ele não vê como poderá solucionar o problema. Ele diz que a única solução é exatamente esse processo que está sobre a mesa do Secretário, há 250 dias, esperando para ser despachado. Então, eu pediria, por favor, para que os Vereadores do PT, para que o meu amigo “Embaixador”, que está aqui, que eu sei que faz as anotações para levar ao seu Prefeito Municipal, que leve para ele o número desse processo, que é 001.002.099897.0, o qual espera por uma resposta. E esta resposta poderá dar condições para que aquele povo da Ilha também possa enterrar os seus mortos e não passar pelos mesmos problemas por que passou, há mais ou menos uma semana, uma família que, ao querer enterrar uma pessoa falecida, acabou não encontrando um funcionário municipal para fazer o serviço. Isso aconteceu exatamente porque o funcionário não tinha a hora extra que estava para ser despachada sobre a mesa do Secretário Municipal da Administração. Isso é assunto do Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Requerimento): Sr. Presidente, gostaria de requerer a V. Exa. e à Casa um minuto de silêncio pela morte do ex-Deputado Nadyr Rossetti que, em momento de grande constrangimento para a Nação, na época do autoritarismo, foi um dos que lutou, independentemente de partido, pela liberdade que hoje estamos todos usufruindo.

 

O SR. PRESIDENTE: Quero informar a V. Exa. que já fizemos o minuto de silêncio, no início da Sessão, a pedido do Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: De qualquer forma, registre-se nos Anais da Casa a nossa intenção, que já foi consubstanciada pelo Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ah, esta forma petista de governar e fazer política! Ah, esta onipotência, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta perfeição, em matéria de política, ostentada aos quatro ventos pelos Vereadores do PT, sem que, pelo menos por um dia, eles olhem para dentro de si mesmos e vejam, por exemplo, que a Deputada Esther Grossi disse, outro dia, que já se sabe, e o mundo, através do conhecimento científico, sabe como se dá a formação e a absorção desse conhecimento pelas crianças, por trabalhos de Jean Piaget, de Paulo Freire e de Maria Montessori. Diz claramente que esse conhecimento, essa forma ainda não chegou às nossas escolas, inclusive às escolas do Município de Porto Alegre.

E, por falar em política de saúde, Ver. Renato Guimarães, o Prefeito Tarso Genro, no mês de setembro do ano passado, deu uma entrevista ao jornal “Zero Hora” dizendo que até dezembro teríamos mais de cem postos de saúde. Onde estão os cem postos de saúde? Esta é a forma petista de governar e de mentir! Esta forma que revolucionou o País, esta maravilha administrativa teve a coragem de, ontem, inaugurar mais três postos de saúde da família, que são pagos pelo Ministério da Saúde.

A verdade é que falta uma política municipal de saúde. Essa ausência de uma política municipal de saúde está caracterizada nos três períodos em que o PT administrou a Cidade de Porto Alegre e, em cada um deles, para um lado e para outro, perderam não só o vértice, a coluna fundamental de direção, o norte, mas cada um faz, à sua maneira, a forma desorganizada de fazer saúde. Eu quero, inclusive, ressaltar aqui e tirar fora a pessoa do Secretário Henrique Fontana, que é muito competente. O Estado do Rio Grande do Sul é sempre citado numa manobra de invencionice. O PT tem horror de falar dos problemas de Porto Alegre, porque, nesse caso, ele tem que olhar para dentro de si e, ao fazer isso, verá uma imagem não tão bonita quanto ele imagina.

Então, os 2,38% não correspondem à verdade. O Estado não cumpriu a lei? Não, não cumpriu a lei. Tinha que ser 10%. Mas 5,75% foram aplicados na área de saúde.

Eu gostaria de informar ao Ver. Renato Guimarães - e é bom que ele saiba disso para se ilustrar um pouco mais - que Eugênio Villaça Mendes, a maior autoridade na área da saúde, diz que as secretarias de saúde sofrem, hoje, um processo de minimização da sua atividade por causa do processo de municipalização, processo esse que dá recursos federais às secretarias de saúde, que não são incluídos no Orçamento, ou são incluídos no Orçamento da Secretaria da Saúde, mas não no Orçamento municipal. É aí que se percebe um grande engodo, a STC - a sutil troca de colunas -, isto é, em vez de colocar o dinheiro da saúde no orçamento geral, como determina o Tribunal de Contas, eles dizem que é 13% e que estão cumprindo a Lei Orgânica. Essa Lei, no § 2º do art. 164, diz que “o montante com despesas com saúde não será inferior a 13% das despesas globais do Estado”. Na verdade, o que está propondo o Prefeito, quando ele diz, no art. 3º da LDO, “os recursos provenientes do SUS, da municipalização da saúde, constantes do art. 4.31 desta Lei, não serão considerados para cálculo de nenhum tipo de despesa vinculada às receitas correntes e às despesas totais”, é uma manobra contábil no sentido de rasgar o parecer do Tribunal de Contas, passando, simplesmente, dos 14% alegados para menos de 9%.

Esse engodo, essa mistificação têm que ser denunciados publicamente para se ver que também a Secretaria Municipal de Saúde não gasta em saúde aquilo a que é obrigada por lei, e que também não cumpre a lei a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou fazer alguma coisa hoje que está equivocada no meu entendimento, pois a Comunicação de Líder deveria ser usada para um assunto só, mas são tantos, importantes e inadiáveis, que devo tratar de três assuntos. O primeiro é dar inteira solidariedade ao pronunciamento do Ver. Luiz Braz, porque no Cemitério São João falta tudo, menos o carinho do administrador, que teve seu pai, antes dele, administrador do Cemitério, e que faleceu esta semana. Cumprimento o Ver. Luiz Braz pela sua preocupação.

A minha preocupação, também, com a Av. Assis Brasil e o alagamento que lá ocorre, não tanto pelo alagamento, mas pela colocação do Departamento de Esgotos Pluviais - DEP, que diz que a solução do problema depende da inclusão da obra no Orçamento Participativo do Município. Fora do Orçamento nenhuma obra desse porte é realizada. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já se constata que há uma inundação, em longo trecho da Av. Assis Brasil, que não havia antes - é bom que se esclareça. Hoje mesmo ouvi dizer que a última grande cheia foi em 1983, e não aconteceu isso lá, e também em 1983, 1984 e 1985 não havia taxa de pluvial. A taxa se cobra contra a prestação de serviço. E qual é o serviço que deve ser prestado pelo DEP? É o esgotamento pluvial. E se ele não faz isso ele deve até indenizar aqueles a quem está cobrando e têm as suas casas invadidas, e não dizer que se o Orçamento Participativo não decidir não será resolvido o problema da Av. Assis Brasil.

Há poucos dias aprovamos aqui um projeto, onde nós mesmos pedimos urgência, e relatamos favoravelmente, sobre verbas para o DEP. Esse problema é imensamente sério, e o DEP diz que, se não for no Orçamento Participativo, ele, que recebe a taxa de esgoto pluvial, que é exatamente igual à taxa de esgoto cloacal, tem que indenizar aquelas pessoas que têm suas áreas invadidas.

E aqui a Prefeitura, o brilhantismo da sua Procuradoria - agora, sim -, da péssima assessoria do Sr. Prefeito, a Prefeitura diz aqui, na página 48 da “Zero Hora” de hoje: “Como o terreno é da Prefeitura e a proposta não infringe a legislação que criou o Marinha, a construção da pista não depende da aprovação dos Vereadores, nem da opinião dos moradores”. Ledo engano. Aquela área não é da Prefeitura, é um bem comum do povo e, para que seja usada, precisa, em primeiro lugar, ser desafetada. Ou, então, não vale mais lei. A Lei Complementar nº 268, de origem do Executivo, diz claramente: “O Marinha do Brasil vai até os limites do Sport Club Internacional, o Gigantinho”. Portanto, é área de uso comum do povo e não é área da Prefeitura, como pretende essa assessoria incompetente do Prefeito. E tem mais: essa área está “sub judice”. Então, não é bem assim. E mais: o povo tem que ser ouvido, sim, na forma do Plano Diretor. Eu não entendo, se o povo não tem que ser ouvido, por que fazer audiência pública. Isso é o máximo de incompetência.

Eu não posso admitir que alguém que receba muito bem pela Prefeitura - porque os Procuradores e os Assessores Jurídicos do Prefeito recebem bem - leve a Prefeitura a dar a tal informação: nada com o povo, nada com a Câmara, nada com a praça, mas a praça, Ver. Gerson Almeida, é do povo, como o céu é do condor. Não fui eu que disse. E o povo tem sido ouvido, sim, pelos Vereadores, não pelo Executivo. Milhares de assinaturas colocam-se contra a pista de eventos naquele local. A maioria dos Vereadores desta Casa coloca-se contra a pista de eventos naquele local. Nós entendemos que a maioria deve ser respeitada, mas, de acordo com o Partido dos Trabalhadores, a Câmara não interessa, o povo não interessa, mas mesmo assim eu digo: saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem tive a oportunidade de ouvir os mesmos argumentos do Ver. João Dib, que, a despeito de toda a experiência, brilhantismo e tantos outros adjetivos, tem-se notabilizado por ver a árvore, mas nunca ver a floresta. Ele pega uma matéria de jornal, uma microfrase, e de lá faz ilações, referências, como se ali estivesse depositada a única possibilidade de interpretação e de verdade. Não se sustenta, inclusive, em dados, como é de sua praxe. Quem sabe vamos ler a proposta orçamentária de 98 para o DEP, a proposta orçamentária de 98 para o DMAE? Aí vamos ver que nunca foi investido um percentual tão alto no DEP - Departamento de Esgotos Pluviais. Se nós formos somar os investimentos feitos ao longo desses últimos nove anos, não teremos outra possibilidade de conclusão, orientada pelos dados e pela realidade e não pela nossa vontade de ser sempre contra a administração, exceto dizer que alagamentos existem. Nenhum administrador sério vai dizer que um dia uma cidade vai deixar de ter alagamentos. Talvez uma cidade do Himalaia tenha menos possibilidade de alagamento, mas, mesmo assim, se ela tiver algum lugar côncavo vai poder ter alagamento se houver uma precipitação intensa num curto espaço de tempo. O que não se pode dizer é que Porto Alegre não está se transformando. A Zona Norte de Porto Alegre recebeu investimentos magníficos, nesses últimos nove anos, em saneamento, canalização e esgoto sanitário. Há ainda alagamentos? Óbvio que há, e dificilmente algum dia deixarão de haver. Isso é a natureza que impõe. Tudo bem. Então, quem sabe vamos fazer esse decreto: “revogam-se as leis da natureza”? E estar à altura do rio... É óbvio que é muito mais frágil e muito mais sensível o alagamento. A discussão que deve se fazer é: 1º - se a Prefeitura está ou não investindo recursos para obras de drenagem e recuperação; 2º - se o esgoto é mais rápido ou mais lento. Essas são as perguntas que deveriam ser respondidas. E o Ver. João Dib, no alto de sua experiência, sabe muito bem a resposta para as duas questões. Por razões que são suas, ele não diz, e laudo não cabe a mim avaliar, mas ele sabe muito bem. E sei que ele está satisfeito com o trabalho que o DEP e o DMAE estão fazendo, porque é um bom trabalho, é um trabalho sério e está melhorando aquela região. Então, nós estamos prisioneiros do Orçamento Participativo? Não, Vereador. V. Exa sabe que obra daquele porte precisa de recursos orçamentários bastante pesados. Correto? Quanto a isto não há dúvidas. Qualquer obra precisa de verbas. Nós não vamos ficar propondo obras só para sair uma matéria no jornal e, depois, não realizar. Toda obra que o Governo Municipal propõe é realizada mais cedo ou mais tarde, como será realizada a pista de eventos.

Eu gostaria de aproveitar para duvidar desta maioria da Câmara de Vereadores: eu não vi nenhuma votação, em maioria, na Câmara de Vereadores, que seja contrária à pista de eventos. Vereadores Nereu D'Ávila e Isaac Ainhorn, assim eu entendo: muitos Vereadores são favoráveis à pista de eventos, desde que não seja em lugar nenhum. É preciso passar pelo Orçamento; caso contrário, é só fazer promessas ao ar, e nós não fazemos isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no momento em que esta Casa está discutindo o Orçamento do Município, e eu estou passando por aqui rapidamente, tenho duas questões a levantar. A primeira delas é a questão do funcionalismo municipal: olhem o que tem sofrido o funcionalismo municipal na mão da Administração Popular. É tratado a pão e água. Essa é uma matéria que a Bancada do PT não gosta de tocar muito. Gosta de bater na questão do Estado, mas quando fala na questão do Município, não se pode discutir. Eu espero que, na discussão do Orçamento para 98, o funcionalismo público municipal tenha um tratamento diferente do que tem tido até agora pela Prefeitura de Porto Alegre. Que tenha, através do Sindicato, acampado e que foi corrido da porta da Prefeitura pelo partido democrático do PT... Porque, quando ele reivindica um aumento salarial, mas é contra a Frente Popular, então, tira na marra da frente da Prefeitura, manda destruir as barracas, manda cortar a luz e aí, tudo bem, é o Partido dos Trabalhadores que fez, está tudo tranqüilo.

Quero registrar, desta tribuna, que espero que esta Casa e a Prefeitura, que têm a responsabilidade, mudem a política dos funcionários públicos municipais, que têm sido muito maltratados por essas três administrações da Frente Popular.

Outro assunto é que eu fiz uma leitura preliminar sobre a questão do IPTU. Conversei com alguns técnicos e alguns pontos nos preocupam, porque outro ponto forte desta Administração é a fúria fiscal. Gostam de cobrar e trazem essa modificação da planta, e o que está aí eu não consigo entender. Evidentemente, a Prefeitura, através de seus Secretários, virá a esta Casa ou na Comissão específica para poder esmiuçar essa questão, porque eu não sou técnico e não entendi. Eles estão mandando para a Câmara aprovar o aumento para 98, 99 e para o ano 2000. Eu tenho absoluta certeza que terá uma emenda supressiva que dirá que vamos discutir essa questão do IPTU de 1999 e 1998 porque 1998 é um ano de eleição, o IPTU vai ter um tratamento; 1999 não é ano de eleição.

Trouxe essas duas preocupações. A primeira delas é sobre o funcionalismo. Quero deixar registrado que tem sido tratado pela Prefeitura Municipal a pão e água. O índice do DIEESE, que o PT defende em nível nacional, em Porto Alegre ele rasgou e colocou no lixo. Não tem validade. Funcionário público municipal é tratado a pedrada pela Prefeitura. Sobre o IPTU, o povo de Porto Alegre não agüenta mais pagar IPTU da maneira que a Prefeitura tem cobrado nos últimos tempos.

Encerro dizendo que essas duas questões preocupam-me como cidadão de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2499/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 018/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que altera a redação do inciso III do art. 90 da Lei Complementar nº 133/85, que estabelece o Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 2666/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 158/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida, que dispõe sobre a obrigatoriedade de inclusão, nas convenções de condomínio, de dispositivo que garanta o direito ao lazer previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Convenção sobre os Direitos da Criança e na Constituição Federal.

 

PROC. 2866/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 171/97, de autoria da Vera. Tereza Franco, que proíbe a cobrança de honorários advocatícios, por parte das imobiliárias ou administradoras de imóveis, sem o devido ajuizamento da ação de cobrança.

 

PROC. 3030/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 006/97, que altera a alínea “b” do inciso I do artigo 176 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, e dá outras providências.

 

PROC. 2594/97 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 002/97, de autoria do Ver. João Motta, que acrescenta Seção IX ao Capítulo I do Título IV - da Ordem Social e Cidadania - da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2992/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 024/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que exclui o parágrafo único do art. 15 da Lei Complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992, com redação dada pela Lei Complementar nº 319, de 28 de abril de 1994, que institui o Código de Edificações de Porto Alegre, e dá outras providências. (exigência de apresentação, dentre outros documentos, de certidões negativas para a concessão de Carta de Habitação)

 

PROC. 3024/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 174/97, de autoria da Vera. Tereza Franco, que obriga os proprietários de casas noturnas e salões de baile a identificar, visualmente, de forma individualizada, os funcionários que atuem na área de segurança.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3039/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 007/97, que estabelece a planta genérica de valores para imóveis territoriais e prediais, altera artigos da Lei Complementar Nº 07, de 07 de dezembro de 1973 e dá outras providências. Com Anexos I e II.

 

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não me traz a esta tribuna motivação calcada em qualquer gana ou fúria contra o Município. Não estou motivado como o nobre Ver. Sebastião Melo, que concede o qualificativo ao Município de tratar a pão e água os municipários. Os funcionários têm que lutar pelos seus interesses. Não vou falar a respeito disso. Se o Município trata o municipário a pão e água, o Estado, então, trata com coisa alguma. Fúria fiscal! Acho que o Vereador quer se reportar ao Kandir, ao Ministro Padilha, que quer cobrar uma outra TRU. Não é sobre isso que vou falar. Quer cobrar uma outra TRU além dos pedágios.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero dizer que, na prática, a fúria fiscal da União é a mesma do Estado e do Município, e a política salarial só é diferente para a oposição do PT na Assembléia, que defende aumentos para a Magistratura e para o Ministério Público de 37.50%, enquanto deixa os municipários, infelizmente, a pão e água.

 

O SR. CYRO MARTINI: Conseguimos alguma coisa que deve ficar anotada: que o nobre Ver. Isaac já concorda que a fúria fiscal. Assim como ele classifica o Município, também atinge o Estado e a União. Já conseguimos um passo. Certamente, daqui a pouco o Ver. Isaac vai chegar ao ponto, no qual, temos plena certeza, o Município está encaminhando bem essa questão. Também não vou falar na fúria do Ver. Sebenelo, nem do Ver. João Dib, que assacaram contra o Município uma série de aleivosias. Vou falar sobre algo de extrema importância, que são as diversões públicas, conforme PLL 174/97. Lidei com as mesmas por algum tempo. Essa preocupação deve estar nas nossas motivações porque o bom encaminhamento da ordem, da disciplina nos estabelecimentos de diversão pública deve nos preocupar, especialmente em Porto Alegre. O tratamento dispensado por aqueles que têm a incumbência de administrar, especialmente do ponto de vista da segurança, o estabelecimento deve nos preocupar.

Eu gostaria de chamar a atenção, como também chama a atenção para este fato a nobre Vera. Tereza Franco, que nós precisamos reativar aquela política desenvolvida pelo Estado, através do Departamento de Diversões Públicas, que veio até o ano de 83, quando o Departamento foi desativado. Este Departamento cuidava de perto de questões como esta e de outras tantas. Eu também não concordo com o tratamento dispensado via de regra, seja no sentido dos estabelecimentos de diversão pública, seja boate, seja estádio de futebol, seja baile, seja bailão, seja qual for o estabelecimento, não concordo que seja totalmente dirigido no sentido de agredir o usuário, o cliente. Isso seria impossível.

Nós temos duas observações: de uma parte, o Estado não deve desatender a sua obrigação com relação ao cuidado com os agentes de segurança particulares no ambiente, assim como o Município deve desenvolver uma política destinada às diversões públicas com mais carinho, com mais atenção. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Antônio Losada. Ausente. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na verdade, eu quero, hoje, também discutir a questão do IPTU.

O Vereador do PMDB que hoje assume no lugar da Vera. Clênia Maranhão, Ver. Sebastião Melo, com a sua juventude e, por óbvio, com o seu contentamento em assumir pela primeira vez, neste ano, a sua suplência, disse uma série de coisas que não correspondem à verdade.

Ver. Sebastião Melo, nós temos política, sim, sobre o IPTU, e a nossa política é de quem ganha mais paga mais do imposto progressivo. V. Exa., em seu partido, também tem política. A política do partido que V. Exa. representa, e é Presidente do Diretório Municipal, é de dar para quem tem mais. Vide o caso GM, Ford, sem juros, com juros de 6% e sem correção monetária. E V. Exa. não conhece o IPTU desta Cidade, senão não teria dito aqui as coisas que disse. V. Exa. não sabe que 60% dos contribuintes desta Cidade pagam até 50 reais, e acho que V. Exa. sequer leu o Projeto de Lei que aqui foi encaminhado retificando a planta de valores - V. Exa. não o fez para dizer o que disse -, os dados comparativos com capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba. E V. Exa., como bacharel, deveria saber que encaminhar uma alteração da planta de valores é uma obrigação do Poder Executivo Municipal. E V. Exa., com certeza, não leu os valores porque, caso contrário, verificaria que o Ver. Cláudio Sebenelo, que mora na Rua Beirute, no Bairro Três Figueiras, cujo preço do metro quadrado, que foi estimado em 129 reais e 13 centavos, vale, no mínimo, o dobro. V. Exa. incorre numa série de erros técnicos quando analisa a questão dos freios com relação ao imposto. O Ver. Isaac Ainhorn também incorreu em erros e o Ver. João Antônio Dib, de sete mandatos, com toda a sua experiência, também incorre em erro.

Existe a Lei Complementar nº 07, Sr. Presidente, que deixa claro, no seu art. 9º, parágrafo único: “somente em decorrência de lei específica as alterações de preços e definições dos tipos de construção prevista no ‘caput’ do art. 9º poderão determinar crescimento nominal do imposto entre dois exercícios financeiros subseqüentes em coeficiente superior ao da inflação do período”. Ora, Sr. Presidente, V. Exa. sabe porque conhece a matéria, mas omitiu que, para o ano 2.000, está valendo a Lei Complementar nº 07, art. 9º e seu parágrafo único. Então, no ano 2.000, não vai subir uma percentagem elevadíssima dos impostos. Somente mediante lei pode ser alterado o cálculo do imposto com relação à inflação do ano.

Desculpo o Ver. Melo porque está assumindo hoje pela primeira vez e não teve tempo de ler o Projeto, mas os Vereadores Isaac Ainhorn e o João Dib estão dando um atestado quanto a sua inteligência ao vir a esta tribuna dizer as coisas que têm dito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A Mesa convida o Vereador mais velho desta Casa, Ver. João Dib, para que assuma a Presidência dos trabalhos para que este Vereador use o tempo de Líder do PDT.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Para utilizar o tempo de Liderança o Líder da Bancada não precisa autorizar?

 

O SR. PRESIDENTE: O Líder não estando presente, o Vice-Líder pode usar o tempo de Liderança.

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn em tempo de Liderança.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para sua tranqüilidade e em respeito a V. Exa., que preside, neste momento, esta Casa, eu informo que o Líder havia me autorizado. A posição da Bancada é uma posição muito forte sobre esse tema importante que vamos tratar, que é o IPTU.

Eu quisera, Vereador ... E V. Exa., infelizmente, não era Vereador, porque não disputou também mandato naquele momento, em 91, quando o Prefeito de Porto Alegre era Olívio Dutra e aumentou a planta de valores, em média, 100% de aumento real acima da inflação. A inflação em 91 foi 1.750% e o Prefeito Olívio Dutra aumentou, em média, a planta de valores em 3.500%. Houve aumentos de 20% e, o pior de tudo, Ver. Juarez Pinheiro, a ilegalidade foi tão flagrante, que o Prefeito Olívio Dutra não fez com lei, fez por decreto, o que levou, até hoje, essa planta de valores a ser questionada junto aos tribunais maiores deste País. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre foi derrotada no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, por unanimidade. E o Prefeito Tarso Genro recorreu da decisão sobre a planta de valores de 91, a ilegal planta de valores de 91.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): O tempo não está sendo marcado, Sr. Presidente.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Relembro que a planta de valores de 91 foi feita por decreto e está sendo questionada. E o que faz a Procuradoria é simplesmente ganhar tempo, e recorreu ao STF. Essa matéria está sendo questionada porque aumentou em 100% de aumento real acima da inflação, sem lei municipal. Daí aprenderam. Hoje o Prefeito apresenta uma planta de valores com aumentos. Eu até vou dizer especificamente: há um aumento, que eu identifiquei na planta de valores, de 22.000%. Porque havia um metro quadrado na área da Av. Assis Brasil que estava avaliado em 16 centavos, ele corrigiu e aumentou violentamente. Mas há aumentos comuns, médios, de 100%, 120%, 130%, 51%, 27% lá no bairro que V. Exa. conseguiu revogar, no Iguatemi, lá na sua zona, Vereador, um aumento, próximo ao Hospital Conceição, na base de 300%.

Não posso conceder apartes porque estou em Comunicação de Líder. Não sei o que está havendo com o meu tempo, Sr. Presidente. Eu tinha cinco minutos. Eu havia falado um minuto e agora tenho um minuto e 11 segundos. Quero que V. Exa. assegure o meu tempo, porque estou falando de um assunto que é importante para a Cidade, na Liderança do meu partido.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. já havia falado por mais de dois minutos e a Mesa colocou mais três minutos, o que resulta em cinco minutos e pouco.

 

O SR. ISAAC AINHORN: E continuava correndo o meu tempo agora?

 

O SR. PRESIDENTE: Continuava, porque V. Exa. interpelou a Mesa.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Mas aí tem que suspender. Era uma Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE: Não há esse tipo de tratamento diferenciado.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Espero que, quando se discutir IPTU nesta Casa, se tenha absoluta isenção, porque ninguém aqui vai levar esta matéria no arrastão. Vamos votar lisamente, sem pressão de qualquer espécie. Já no passado este Vereador foi ameaçado fisicamente neste mesmo Plenário porque contestou o poder da força praticado pelo PT em alianças espúrias que tem nesta Casa.

Realmente, tem razão o Ver. João Dib e os Vereadores que têm contestado esse aumento, porque está se dando um cheque em branco para a Administração Municipal em matéria de IPTU para 1999 e 2000. E o freio existe para o ano de 1998. E depois se tira o freio e se libera. A planta de valores já se aumentou em valores substantivos, e as alíquotas, que em Porto Alegre são altas, incidem sobre a planta de valores. Para este ano existe um freio de 9 e 14%.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com muita atenção tem que se olhar essa questão do IPTU em Porto Alegre, porque é a mais violenta prática de aumento, mais furiosa do que a do então Prefeito Olívio Dutra, porque este ano já estão pedindo uma autorização que adianta e vai até o ano 2000. Esta Casa não pode participar dessa ilegalidade.

Quero assinar um requerimento pedindo a urgência dessa matéria para rejeitarmos imediatamente esse projeto que se encontra na Casa, como uma resposta de independência e autonomia que esta Casa tem que dar ao Poder Executivo, que quer levar no arrastão esse assunto dentro da Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Os trabalhos serão suspensos para que os Vereadores se acalmem.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 11h29min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 11h30min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Questão de Ordem.

 

O SR. ADELI SELL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de consultar o Ver. Isaac Ainhorn se ele mantém, em seu discurso, as expressões “alianças espúrias”.

 

O SR. PRESIDENTE: É uma pergunta que o Ver. Isaac Ainhorn deve responder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, não retiro uma palavra do que disse durante o meu pronunciamento.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Então é isso: V. Exa. mantém o que disse.

A Presidência gostaria de dizer que houve uma substituição indevida na presidência dos trabalhos, pois deveria ter sido substituído pelo Presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Isso aconteceu e já está superado em razão do entendimento dos Vereadores. Eu gostaria de dizer que fui receber, no saguão, a Procuradora da República, no Rio Grande do Sul, Dra. Carla Veríssimo de Carli, que está aqui conosco e está fazendo contatos com as lideranças dos diversos partidos e demais Vereadores. Queremos saudar a sua presença e dizer que estamos à disposição. Tenho certeza de que os integrantes das bancadas, nesta Casa, terão o máximo prazer em conhecê-la.

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir. Desiste. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu havia me preparado, meu caro Líder Gerson Almeida, para comentar um projeto de sua autoria, extremamente importante, que dispõe sobre a obrigatoriedade de inclusão, nas convenções de condomínio, do dispositivo que garanta o direito de lazer previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Convenção sobre os Direitos da Criança e na Constituição Federal. Vou abordá-lo ainda, porque haverá mais uma Sessão para esta discussão. Os comentários e a intervenção despropositada feita aqui sobre o IPTU obrigam-me, como Vice-Líder da nossa Bancada, a dizer, com serenidade, algumas palavras.

Eu gostaria que aqui fosse comparado, com toda a tranqüilidade, o Imposto de Renda que os funcionários pagam, aqueles que recebem por folha de pagamento, e o que isso significa na vida de um brasileiro assalariado para o seu bolso, para a sua família, muitas vezes em detrimento dos estudos dos seus filhos. Eu gostaria que discutíssemos o que significa o ICMS no Estado, inclusive o último aumento, porque este, sim, incide sobre o consumo das pessoas, porque ficar sem o arroz, sem o feijão e o pão nosso de cada dia, que infelizmente falta para algumas pessoas, é pagar um tributo pesadíssimo. Eu gostaria de discutir o imposto sobre produtos industrializados, mas queria discutir não apenas o tributo e alíquota. Quero desafiar os Vereadores a discutir o destino do dinheiro público, pois na nossa proposta discutimos, acoplado, o aumento real, nunca negado, explícito, claro e transparente, onde gastaremos o dinheiro. E eu discuti aqui, em Pauta Especial, a questão do Orçamento e mostrei com números, com provas e documentos as diferenças de comportamento dos Governos Federal, Estadual e Municipal.

Jamais, meu caro Ver. Isaac Ainhorn, faremos alianças espúrias. Vou-lhe mostrar todos os significados desta triste e mal utilizada palavra “espúrio”. As alianças que aqui se fazem pela Bancada do Partido dos Trabalhadores são alianças de interesse público. A nossa visão é que prevaleça, sobre o privado e o particular, o interesse público.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. é um homem inteligente, brilhante pelo seu talento e extremamente educado e por isso o admiro. V. Exa. enfoca uma questão muito importante, que é a capacidade e a exaustão a que o contribuinte gaúcho e porto-alegrense foi levado, isto é, está exaurida sua capacidade contributiva. O Imposto de Renda leva diretamente, o ICMS e o IPTU querem aumentar. Tudo a mesma prática.

Gostaria que V. Exa. fizesse uma pesquisa e perguntasse ao Dep. Marcos Rolim por que houve o rompimento da Mesa Diretora na Câmara Municipal, em que o compromisso era eleger Vicente Dutra e ele não foi Presidente desta Casa.

 

O SR. ADELI SELL: Não tenha dúvida de que perguntarei. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos o pronto atendimento do Ver. Adeli Sell. Que bom seria se todos assim fizessem. Seria mais fácil.

O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho interessante, muito interessante, a posição de certos colegas aqui, em duas questões: primeiro, eles pretendem tratar a questão da política e da democracia no varejo, a granel, como chamo, quando venho a esta tribuna falar do assunto pista de eventos, por exemplo, que é de toda a Cidade, concordando com essa visão limitada de apenas discutir com um determinado bairro, como é o caso do Bairro Menino Deus.

Na questão da política, com relação ao Proc. 3039, em Pauta, vêm aqui fazer determinados discursos, como se fossem homens completamente descomprometidos com a história da Cidade, como se não pertencessem a partido nenhum, como se não fossem governo em lugar nenhum, pretendendo fazer de novo a política da miudagem. Vêm falar, como o Ver. Melo, em tratar o funcionalismo a pão e água e em maltratar o Movimento Sindical.

Ora, vejam os Senhores, que cara-de-pau! Pois tratar a pão e água, um governo que está massacrando os funcionários públicos estaduais, que paga 128 reais de piso salarial aos professores, isso com aumento, porque era de 111 reais, que não dialoga com o Movimento Sindical que se reúne no Gigantinho, aproximadamente com dez, 20 mil professores?! Vêm aqui defender o Movimento Sindical, que é uma vergonha para o Movimento Sindical - aquele de parlamento, que não consegue nem a adesão da base da categoria - que vem a esta Câmara fazer um papel ridículo, como, por exemplo, manter uma barraca com pessoas pagas, porque não conseguem ninguém para ocupar a barraca em frente à Prefeitura?! Vêm aqui apresentar um modelo de sindicalismo, dizer que a Administração Popular maltrata o sindicato?! Vejam os Senhores que cara-de-pau! Mas que cara-de-pau vir falar em fúria fiscal, já que em nível nacional o Governo está massacrando os municípios. Estão aí os prefeitos de todos os partidos fazendo protestos a esta Lei Kandir, com relação ao FEF. Um governo que não repassa sequer as multas de trânsito para o Município de Porto Alegre! E que cara-de-pau! E vêm aqui falar em fúria fiscal, falar em defender a sociedade, defender os funcionários públicos?! Se os funcionários públicos souberem que alguém desse governo os está defendendo, vão se sentir ofendidos. O que está acontecendo em nível nacional e em nível estadual em relação ao funcionário público, entregando as empresas públicas! E o Ver. Isaac Ainhorn até entendo. Ele tem uma base eleitoral que a gente conhece, que são aqueles realmente atingidos pelo IPTU Progressivo. Ele está sempre muito preocupado. A tudo o que atinge essa sua base eleitoral ele reage. Muitos Vereadores que têm bases populares vão na conversa e só quem se beneficia com isso é o Ver. Isaac Ainhorn, como aconteceu no passado, nessa história de IPTU. Ele faz toda essa celeuma, agora trazendo uma série de questões específicas sobre o IPTU, como, por exemplo, essa questão dos freios. O Secretário veio aqui, explicou e deixou todo mundo sem resposta. Agora, o que a oposição está fazendo é falar uma porção de generalidades, mas as questões concretas não consegue atacar, porque nada do que está sendo colocado é verdadeiro. Quem olhasse de fora ia pensar o seguinte: com toda essa celeuma, da outra vez, quando se fez a reforma fiscal do Município, parecia que ia haver uma revolução. Fizeram de tudo, e nós estamos no terceiro governo da Administração Popular.

Eu acho interessante que o Ver. Isaac Ainhorn não diga nada sobre os vazios urbanos, como, por exemplo, aquele latifúndio improdutivo que há na Senador Tarso Dutra ou aquele outro que há na Antônio de Carvalho, de onde expulsaram, há pouco tempo, os ocupantes. O Governo Municipal está aplicando o IPTU Progressivo, porque é um vazio urbano que está ali, apenas para especulação. Não vejo o Ver. Isaac Ainhorn e o Ver. João Dib se posicionarem contra os vazios urbanos da Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não gostei da colocação do Ver. Juarez Pinheiro de que o Executivo Municipal tem fúria fiscal. Eu gosto mais do vampirismo fiscal. Isso eles têm. Então, é a única discordância que tenho com o Ver. Juarez Pinheiro.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu jamais disse e jamais direi que o Executivo Municipal tem vampirismo, porque não tem.

 

O SR. JOÃO DIB: É que o Ver. Juarez Pinheiro transita com toda a liberdade no meu coração e, de vez em quando, eu me equivoco.

Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que o IPTU que a Prefeitura pretende colocar é uma demonstração de vampirismo fiscal não tenho nenhuma dúvida. Não há equívocos, porque sei ler com facilidade.

O que a Prefeitura propõe é a alteração da planta de valores dos anexos I e II - aliás, uma alteração vigorosa. Não é verdade que ela esteja beneficiando os que têm menos. Não é verdade nem um pouquinho, até porque basta se olhar o valor do metro quadrado. Vou tomar a condição de prédio de até dois andares de alvenaria, sem elevador. Na construção de nível B, aumenta 129%. O nível B é o segundo nível de construção - não é o melhor, evidentemente; o melhor é o quinto - o nível E. Esse aumenta 22, 5%. Eu acho que os que têm mais estão sendo protegidos, e não os que têm menos.

Há outra coisa: a variação do metro quadrado de terreno. Eu tenho dois exemplos que considero magníficos. A Prefeitura desvalorizou uma rua, duas ruas, e tocou 200% de aumento no custo do metro quadrado. As duas ruas são Murá e Jacundá. A Prefeitura fez um horror com aquela gente: desvalorizou as propriedades e aumentou 200% no valor do metro quadrado.

Quanto aos limitadores: 9% para predial residencial e 14% para predial comercial, para o ano de 98. Repetem, para o ano de 99, os mesmos limitadores e para o ano 2000 não há nada. E depois vem o Secretário da Fazenda e o emérito Ver. Juarez Pinheiro me falarem da Lei Complementar nº 07, art. 9º. No ano 2000, é aplicada a planta de valores na sua integralidade e não precisa de lei. Vejam que, neste ano, nós estamos pagando 33% acima da inflação, porque retiraram o freio colocado. É verdade que trocaram por um sonorizador na Restinga, que demoraram para fazer - o 17º voto. Agora, não há troca.

“Art. 9º. Os preços do metro quadrado do terreno e de cada tipo de construção, bem como as definições deste ano, serão fixados anualmente por decreto executivo, que instruirá a proposta orçamentária.” Este ano, não veio; então, não haverá aumento, porque nós vamos derrubar o IPTU. E não vai haver aumento no ano que vem.

“Parágrafo único. Somente em decorrência de lei específica as alterações de preços e de definições do tipo de construção previstas no ‘caput’ deste artigo poderão determinar crescimento nominal do imposto entre dois exercícios financeiros subseqüentes, em conseqüência, superior ao da inflação do período, apurada essa segundo a variação do Índice Geral de Preços...”

Mas ele não vai fazer nenhuma alteração dos preços. Ele vai apenas aplicar a tabela de 1997, sem os limitadores, e é só olhar o imposto deste ano, quando se manteve o mesmo valor venal e subiu 33%. Muito obrigado! Saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta. Havendo quórum, passamos à

 

 

ORDEM DO DIA

 

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Requeiro à Mesa que o Proc. 2758/97 seja votado em primeiro lugar...

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Eu quero, além de manifestar a minha concordância com o Ver. Braz, priorizar a votação do projeto de autoria da Vera. Tereza Franco. Eu apenas ponderaria que o Proc. 2311/97 não suscita discussão e, tradicionalmente, esse tipo de projeto é priorizado.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, a Mesa entende que a questão levantada por V. Exa. não é Questão de Ordem nem Requerimento. V. Exa. está apenas argumentando.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Discordo do encaminhamento do Ver. Reginaldo Pujol. Ele quis apenas adendar o Requerimento que fiz para que seja votado em primeiro lugar o Proc. 2758, pedindo que antes desse fosse votado o Proc. 2311.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, adendando, como muito bem sublinhou o Ver. Luiz Braz, requeiro que o projeto de fl. 09 seja votado em primeiro lugar e, depois, o de fl. 10.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Luiz Braz, com o adendo feito pelo Ver. Reginaldo Pujol.

O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lamento profundamente. Não há culpado individual; a culpa é coletiva nesta questão das sessões de sextas-feiras. São exatamente 12h01min e somente agora esta Casa vai-se debruçar nas questões mais importantes, porque até agora foi só blá-blá-blá. Por exemplo, quer-se colocar em primeiro lugar um processo que não está maduro ainda, que é aquele que pediu a audiência.

No meu entendimento, embora o mérito seja alto e eloqüente, a Casa não pode ser atropelada por essa votação. Há aqui um mais importante, muito mais importante, e a Casa tem que ter responsabilidade política nesse processo que é o dos Conselhos Tutelares. Pelo organograma apresentado, pela responsabilidade do movimento popular e das Comissões desta Casa, temos que discutir este processo para não prejudicar a Cidade na eleição dos conselheiros, prevista para maio do ano que vem. Dever-se-ia estar discutindo, neste momento, a urgência e a nomeação de um relator comum, porque há 32 emendas e tem urgência urgentíssima para ser votado. Além disso, existem emendas contraditórias. Mas a questão fulcral a ser vencida e que está gerando uma polêmica enorme é a da prova para os conselheiros tutelares. O processo veio fracionado. Deveria vir um processo inteiro, mas não veio.

Realmente, há importância da ordem das coisas pela pressa natural que se teria para não prejudicar uma eleição, que será em maio por causa das outras gerais, em outubro. Se nós atrasarmos, estaremos prejudicando a Cidade. Então, com todo o respeito ao Requerimento do Ver. Luiz Braz e pela importância do projeto da Vera. Teresa Franco, esse pode esperar.

Eu sou contra o pedido do Ver. Luiz Braz e a favor dos interesses da Cidade de Porto Alegre. Lamento que só depois do meio-dia se comece a tratar desses interesses. O Vereador tem que ser mais responsável e aprender a olhar o espelho e ver o que é ou não importante. Portanto, sou absolutamente contrário ao pedido do Ver. Luiz Braz e favorável ao Requerimento da urgência que esta Casa está tratando com responsabilidade junto à Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, considero o Ver. Nereu um dos Vereadores mais experientes desta Casa, um dos mais antigos. Por isso, não posso concordar que ele seja ingênuo; ele não é.

Se o Ver. Nereu D'Ávila quisesse tratar desse assunto dos Conselhos Tutelares em primeiro lugar, ele deveria fazer um requerimento solicitando que esse assunto fosse tratado primeiro. O Vereador não solicitou isso. O Vereador veio aqui e discutiu contra o Requerimento deste Vereador que, legitimamente, fez um pleito. Todos sabemos que temos uma pauta extensa de projetos a serem votados. Se discutirmos todos os projetos da Ordem do Dia, não chegaremos aos Requerimentos.

Que desejo, que responsabilidade é essa do Ver. Nereu D'Ávila, que se manifesta da tribuna, mas não tem ação para concretizar o seu desejo? Pelo que o Vereador expressou e pela ação junto à Mesa - que não houve! -, acho que o Vereador não quer tratar esse assunto hoje. Se apresentasse um requerimento à Mesa, eu votaria a favor, mas não o fez. Eu fiz um requerimento. Até concordei com o Ver. Reginaldo Pujol, fazendo com que uma questão prioritária, que interessa à Cidade, pudesse iniciar a ser tratamento hoje.

V. Exa. diz que a Casa não tem posicionamento a esse respeito. Vamos começar a discutir esse posicionamento.

Com relação ao projeto que V. Exa. tratou da tribuna, também a Casa não tem um posicionamento. Não sabemos se vamos atender àqueles que estão nos Conselhos Tutelares, e que não querem as provas, ou se nós vamos atender a uma determinada parcela, não só do PT, mas de fora do PT, que quer as provas. Então, é uma discussão que deve ser feita.

Eu concordo com V. Exa. Se V. Exa. entrar com o Requerimento, eu voto. Só que V. Exa. não o fez; e eu não sei de nenhum requerimento que esteja na Mesa pedindo que esta matéria seja tratada em primeiro lugar.

Eu pediria que V. Exa., ou qualquer outro Vereador que quisesse discutir os requerimentos, e especificamente este, que agisse como Vereador diligente, como eu considero todos nesta Casa e, principalmente, V. Exa. Mas não critique os outros, pura e simplesmente, por agirem diante daquilo que julgam ser o principal.

Eu vou votar com o Requerimento que coloquei na Mesa e acredito que, se entrar outro adendo pedindo que este processo seja analisado, vamos fazer uma nova discussão. Eu vou estar ao lado de V. Exa., como Vereador responsável, que gosta de tratar dos assuntos da Cidade. Tenho iniciativas, dentro da minha ótica, daquilo que é prioritário para a Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): O Ver. Luiz Braz tem a mais absoluta razão, mas, na cronologia dos fatos, eu só não fiz o Requerimento porque eliminaria a Ordem do Dia, entrariam os requerimentos primeiro. Eu não queria, também, que isso fosse forçado. Mas agora eu estou sendo forçado. Eu requereria à Mesa que fizesse, na inversão, primeiro os requerimentos para que esta questão seja votada, porque, ao contrário do outro Requerimento, que o Vereador defendeu brilhantemente, estes têm prazos fatais. O outro Requerimento ainda não tem.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende que, no encaminhamento, não há como retroceder. Nós vamos terminar o encaminhamento e votar. Na ordem dos projetos, a ordem poderá ser ou não a que o Ver. Luiz Braz pediu. A seguir, votaremos a inversão - primeiro os requerimentos, depois os projetos.

O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero, primeiro, parabenizar a Vera. Tereza Franco pela iniciativa de fazer um projeto com essa natureza. Segundo, dizer que, exatamente pela importância que um projeto desses tem, ele precisa ser melhor discutido, precisa, a meu juízo e da nossa bancada, fazer aquela tramitação necessária pela Comissão de Justiça, pela Comissão de Finanças, para que ele seja não um projeto muito bom, mas para que possa ter as conseqüências que ele procura e que possa reparar questões muito caras para todos nós, que já vêm, numa longa história de lutas, sendo processadas em nível federal. Sei que em nível estadual projeto semelhante a esse tramita e com uma construção coletiva que possa torná-lo um projeto da Assembléia Legislativa como um todo. Acho, também, que podemos fazer esse processo aqui, Vereadores. Devemos fazer um processo no qual projetos dessa natureza signifiquem uma afirmação do Parlamento e uma recuperação de um ataque que ele teve por motivos excepcionais.

Somos contra o Requerimento do Vereador Luiz Braz nesse sentido, e depois, inclusive, sustentados por conversa que tivemos com o próprio Líder da Bancada do PTB, com o Líder da Bancada do PDT e outros Vereadores para que pudéssemos, nessa discussão, chegar a um consenso que não seja no sentido de “levar com a barriga” esse Projeto, mas, ao contrário, no sentido de fortalecê-lo como um ato de afirmação do Parlamento que, por motivo que todos nós conhecemos, teve a sua integridade, a sua autonomia atacada. É nesse sentido que eu quero encaminhar, em nome da Bancada do PT, contrariamente a esse Requerimento, e já anuncio, para que não seja dito depois que estou com medidas protelatórias, que vamos solicitar, de preferência com o acordo de todas as bancadas, que esse Projeto seja adiado para que possamos fazer esse trabalho de discussão. Quem sabe até, a partir disso, possamos produzir uma retirada do art. 81 para que passe pelo menos em duas Comissões fundamentais para esse tipo de matéria.

Essa é a nossa proposta, com essa idéia, até porque aqui, na Câmara de Vereadores, há dezenas, senão todos os Vereadores, que têm uma longa tradição de defesa e luta contra os atos que aqui se querem reparar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Luiz Braz, com o aditivo do Ver. Reginaldo Pujol. A votação será nominal por solicitação do Ver. Renato Guimarães. (Após a chamada.) REJEITADO o Requerimento do Ver. Luiz Braz por 13 votos SIM, 15 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

Em votação o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila, que propõe que sejam votados os requerimentos antes dos projetos da Ordem do Dia.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Eu entendi, Sr. Presidente, que havia um requerimento do Ver. Reginaldo Pujol no sentido de que se votasse o projeto da fl. 09 antes, por ser uma designação de rua.

 

O SR. PRESIDENTE: Esclareço que foi votado em conjunto. Era um aditivo e havia a concordância dos dois proponentes.

Pedimos um minuto de atenção porque vamos distribuir a V. Exas. uma cartilha que nos orgulhamos de ter feito, através de um pedido da CEDECONDH, assumida pela Câmara Municipal. É um trabalho sobre os direitos da criança. Será lançado, conforme a Presidente da Comissão, Vera. Maria do Rosário, no dia 19, domingo próximo, às 11 horas, no Brique da Redenção, junto ao Monumento ao Expedicionário. Todos os Vereadores estão convidados para irem até aquele local. Será um ato da Câmara em que a CEDECONDH, composta pelos ilustres Vereadores Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, Tereza Franco, Hélio Corbellini e presidida pela Vera. Maria do Rosário, estará lançando a cartilha. Será um momento alto da Câmara, que vai ao público levar um trabalho que nós entendemos muito bem feito, todo ele estudado por pessoas com alto conhecimento da matéria. A criação do texto é das Sras. Vládia Paz, da FESC, Janete Cruz, da FEBEM, Daniela Mello da Rosa e Elisabete Raimundo, da Aldeia SOS; o apoio, de Dirceu de Conto, do Instituto Domus; e a ilustração, que está muito bonita, didática, que trata muito bem da questão dos portadores de deficiência física e visual, é de Paula Mastroberti.

Passamos aos Requerimentos.

Requerimento de autoria do Ver. Renato Guimarães, solicitando seja o PLE nº 36/97 considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento nº 249/97, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, solicitando Moção de Apoio à publicação do editorial da capa do jornal “Correio do Povo” do dia 08 de outubro, cujo conteúdo demonstra profunda preocupação com o futuro da economia do nosso Estado e, por conseqüência, do povo do Rio Grande do Sul.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Após a chamada.) APROVADO por 15 votos SIM, 11 votos NÃO.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, solicitando Moção de Apoio à publicação do “Jornal do Comércio”, na página dois, edição de 10 de outubro, denominada “Dominação através do comércio”.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, este Vereador entende que, mesmo o autor encaminhando a matéria, já vai estar introduzindo o período de votação. E nós, Vereadores, estamos impossibilitados de votar por não fazer parte do devido Requerimento a matéria publicada na página dois do “Jornal do Comércio”.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Esclarecimento): Vou acordar com a posição registrada pelo Ver. Fernando Záchia e informo que esse documento não foi colocado no processo em face da mudança que houve no meu gabinete e, por isso, fiquei com problemas de funcionamento. Esse editorial refere-se à forma como o Presidente Clinton veio a este País, querendo impor a antecipação da implantação da Área de Livre Comércio nas Américas, ou seja, a data acordada de 2005 para 2001. Isso é um consenso em todos segmentos do espectro ideológico nacional em face dos prejuízos que causariam ao País. Se os Vereadores, sabendo da matéria, aceitassem que fosse votado, agradeceria. Mas concordo com os nobres colegas: anexarei o editorial ao processo, que deverá ser aprovado na segunda-feira.

 

O SR. PRESIDENTE: Está aceito o pedido de retirada, em função da posterior anexação do documento.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento nº 252/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida, solicitando Manifestação de Solidariedade desta Casa à Emenda Popular que visa destinar recursos ao Hospital de Pronto Socorro no Orçamento Estadual para o ano de 1998, tendo em vista que o Estado tem negado a destinação desses valores, que representam 40% dos gastos arcados pelo Município com o atendimento de pacientes do interior do Estado. Assinam diversos Vereadores do PT, PDT, PPB, PSB e PPS.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa faz um esclarecimento sobre esse tema. Nós, como Prefeito Interino, representando a Prefeitura de Porto Alegre, participamos de uma reunião na Feevale, no dia 07, quando assumimos a Prefeitura, que tratou do Orçamento do Estado com os Conselhos Regionais da Grande Porto Alegre. Naquele momento, houve, por unanimidade dos prefeitos e dos conselhos presentes, a proposta de encaminhar esse pedido de recursos para o Pronto Socorro, entre outros pedidos dos municípios, que também foram discutidos, em especial para o Delta do Jacuí.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Gerson Almeida. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós estamos discutindo mais uma Moção de Solidariedade que a Casa vota nesta manhã que parece que se destinou a essas manifestações que têm um conteúdo político muito forte. Essa Emenda ao Orçamento do Estado, que por emenda popular se pretende ver votada, precisa ser examinada de uma forma muito criteriosa, porque está se conduzindo a discussão em termos propositadamente equivocados.

O Ver. Sebastião, que hoje nos honra com a sua presença, até pode se considerar surpreendido com esse tipo de situação, porque ele não desconhece que a Cidade de Porto Alegre, Ver. João Dib - nós ontem participávamos de um debate na Rádio Pampa e tínhamos a oportunidade de acentuar esse fato -, é uma cidade altamente privilegiada em termos de aplicação de recursos públicos de origem federal e estadual na área da saúde. Não se desconhece que, neste ano de 1997, o Município de Porto Alegre recebe repasses da União e do Estado, através do SUS, da ordem de 300 milhões de reais. Não desconhece o Ver. Sebastião que, nesta Cidade de Porto Alegre, o Governo Federal e o Governo do Estado mantêm vários hospitais às suas expensas, atendendo indiscriminadamente a população de Porto Alegre e do interior do Estado no Grupo Hospitalar Conceição, no Hospital Cristo Redentor, no Hospital Conceição, no Hospital Fêmina, no Hospital da Criança, na modelar instituição hospitalar que é o Hospital de Clínicas, no Hospital Ernesto Dornelles, no Instituto de Cardiologia, no Hospital São Pedro, no Hospital Itapuã, enfim, em toda uma rede hospitalar que é mantida ora com recursos da União, ora com recursos do Estado. O Município de Porto Alegre e todo esse complexo de investimento em saúde, em atendimento hospitalar, que envolve quase que um milhão de reais/ano, resumem-se a manter o Hospital de Pronto Socorro, o qual é excelente; é o único investimento do Município nessa área.

O Município, que, por força da Lei Orgânica, obrigatoriamente tem que aplicar 13% em saúde e não o faz, quer agora reduzir essa aplicação no Pronto Socorro em mais nove milhões de reais, objetivando transferir isso para o Governo do Estado. Então, o que estamos dizendo aqui, com toda a tranqüilidade, é que na Cidade de Porto Alegre há todos esses hospitais que referi, mais o complexo maravilhoso da Santa Casa de Misericórdia, de atendimentos induvidosos à comunidade da Cidade e do Estado.

Destina-se ao Hospital de Pronto Socorro esse auxílio excepcional, além de tudo isso que o Governo do Estado e a União já aplicam em saúde nesta Cidade. Cometeu-se uma forma de injustiça, porque tão importante na tarefa da emergência como o Pronto Socorro é o Hospital Cristo Redentor, que hoje divide com o HPS a responsabilidade de atender a emergência mais a intervenção cirúrgica.

Então, esse discurso de que o Estado não participa do custeio do HPS, de que o Pronto Socorro atende a 40% de pessoas provenientes de outras cidades não se harmoniza com a realidade, porque nem o Governo do Estado e nem o Município podem fazer esse tipo de discriminação de querer que sejam atendidas somente as pessoas que moram naquela cidade. Isso impediria que o Ver. Clovis Ilgenfritz ou o Ver. Hélio Corbellini quando, por exemplo, no verão, estivessem na praia ou na serra, seguindo essa linha de raciocínio, fossem atendidos nas emergências na rede hospitalar do litoral ou da serra e de outros pontos do Estado.

Por isso, Sr. Presidente, não se trata de negar a importância do Hospital de Pronto Socorro, mas de denunciar o sentido político, o sentido contestatório que está embutido nessa emenda, que tem muito mais o propósito de querer fustigar o Governo Antônio Britto do que ver proclamada a excelência de um hospital que reconhecemos e de muitos outros que realizam esse trabalho às expensas da União e do Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu queria mais uma vez manifestar a minha admiração pelo talento do Ver. Gerson Almeida e de sua bancada, que têm o privilégio de pegar toda a energia de todos os movimentos populares - isso faz o PT aqui e no Brasil inteiro, e isso eu tenho que elogiar - e carreá-la, de uma forma inteligente, para faturar politicamente, às vezes até em cima da desgraça alheia. Mas eles fazem isso de uma forma muito inteligente e por isso eu me congratulo com o Ver. Gerson Almeida por essa proposta e quero dizer que vou votar, formalmente, contra essa moção. As moções não devem ser abastardadas a cada editorial que se faz contra o Governador Antônio Britto, a cada movimento popular importante. Eu sou a favor de uma emenda popular e a favor do auxílio que o Estado faz para os seus hospitais, para as suas prefeituras, mas o que não podemos é fazer esse tipo de exploração política, pois isso vai aparecer na mídia como uma moção de apoio. Como o PT, hoje, tem 13 Vereadores em sua bancada, fica mais fácil do que nós, Vereadores de situação minoritária, lutarmos contra esse tipo de abastardamento da moção de solidariedade e apoio ou contra moção de repúdio.

O que eu queria salientar é que o Hospital de Pronto Socorro Municipal, o HPS, vive uma crise muito grande. E já são dez anos de administração do PT e essa crise é funcional, salarial e é de sucateamento de todas as suas estruturas. Se essa Administração nada em dinheiro, por que algo não é feito? Essa situação precisa ser diagnosticada. Muitas vezes não temos condições de fazer isso no HPS, porque ele vive hoje uma profunda crise. Todos nós, que estamos aqui, somos totalmente a favor de investir no Pronto Socorro Municipal, mas o que não aceitamos é essa entrelinha, essa estratégia com ganho secundário, que é contido nesse tipo de moção. Somos solidários ao Pronto Socorro e aos seus médicos, que estão acima de qualquer participação ideológica. O Pronto Socorro é muito bom no seu quadro de funcionários desde que foi fundado, quando eram administrações de direita, de esquerda ou de centro, sempre mostrando a sua excelência.

O que nós queremos discutir é, por exemplo, que um técnico em radiologia recebe um ordenado três vezes maior do que um operador de raio-x, que são classificados como operadores de raio-x, fazendo um achatamento salarial deles. Os médicos não têm pagas as suas horas-extras e tiveram suspensas as suas horas-extras feitas, assim configurando achatamento salarial dos profissionais do Hospital Pronto Socorro. É isso que tem que ser discutido aqui. Inclusive o Presidente do Sindicato dos Médicos tem profundas queixas contra a Administração do PT. Ora, dizer que o Hospital de Pronto Socorro Municipal atende pessoas de outros municípios?! É evidente que atende. E quando os outros municípios atendem pessoas de Porto Alegre e não são ajudados por verbas especiais? Dessa forma, eu acho que o Pronto Socorro está cumprindo o seu papel. Eu sou formalmente a favor de todos os auxílios que possam chegar ao Pronto Socorro. Vou requerer, vou bater palmas junto. Mas essa exploração é de um nível que eu acho inaceitável, até pelo seu sub-reptício político e pelo ganho secundário político em cima de um problema gravíssimo que é esse problema.

Nós vamos votar contra a essa Moção de Solidariedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta discussão, Ver. Cláudio Sebenelo, deve ser centrada, no entendimento deste Vereador, no sentido de saber qual a preocupação dessa Moção. Essa Moção tem a preocupação de alertar os deputados que o Município de Porto Alegre aloca recursos ao HPS, em torno de 24, 26 milhões, ou esta Moção tem preocupação eleitoreira de fazer com que haja a discussão de que o Estado do Rio Grande do Sul não coloca recursos na saúde, no Município de Porto Alegre?

Vejam bem: eu entendo, Vereadores, que devemos fazer a reflexão sobre onde são colocados os recursos do SUS na saúde do Município de Porto Alegre, se existe, no Município de Porto Alegre, uma política de saúde pública, se a política de saúde pública em Porto Alegre está sendo feita de maneira correta. Porque há necessidade de recursos - isso é visível - no HPS. Nós sabemos que o HPS, não agora, mas por sua história, atende não só Porto Alegre, como também a Grande Porto Alegre, municípios do interior do Estado e outros estados, como Santa Catarina e Paraná. A minha pergunta é: onde os recursos, 180 milhões do SUS, estão sendo implantados em Porto Alegre? Eu gostaria de saber se a política de saúde pública que está sendo realizada nos postos de saúde está sendo feita de maneira correta, porque isso não é visível, isso é aquilo que a população não tem conhecimento. E principalmente os Srs. Deputados aos quais esta Emenda é endereçada não têm conhecimento da política de saúde pública no Município de Porto Alegre.

Ver. Carlos Garcia, V. Exa., que tem preocupação com a saúde, pode me responder a essa pergunta? Eu não sei onde estão sendo empregados os 180 milhões do SUS e não sei se a política de saúde pública em Porto Alegre está sendo feita de maneira correta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra com satisfação a presença, no Plenário, do Assessor Especial do Prefeito Municipal Raul Pont, Sr. Eduardo Mancuso.

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o Req. nº 252/97.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, louvo a preocupação petista para que se faça uma emenda destinando recursos para o Pronto Socorro. Eu, na realidade, tenho um profundo carinho pelo Pronto Socorro. É tão grande o meu carinho que, se não fora esse maravilhoso hospital, eu não estaria nesta tribuna falando com a tranqüilidade que estou falando neste momento. Sou testemunha dos relevantes serviços que presta à comunidade porto-alegrense, gaúcha e até fora do Estado. Mas, se louvo a preocupação petista e assinei a Emenda, juntamente com os colegas Vereadores Nedel e Pedro Américo Leal - este é um dos que mais luta por esta Emenda -, é porque eu também acredito nesta solução profundamente salutar do PT para com o nosso querido Pronto Socorro. É tão verdade que eu acredito e é tão verdadeira a preocupação do PT com a saúde da Cidade, que eu sei que fará uma alteração no Orçamento, na forma do que determina a Lei Orgânica, e colocará mais 30 milhões para o Pronto Socorro, que são os 13% sobre o Orçamento do DMAE. Eu tenho certeza que quem se preocupa faz com serenidade, com seriedade, com tranqüilidade e com absoluta convicção. Eu penso que o Vereador Líder do PT fará a emenda ampliando os recursos da saúde em 20 milhões de reais e até, se for aprovada a Emenda de nove milhões, bastam 11 para mostrar a seriedade. Eu acho que um Vereador petista vai emendar a lei orçamentária, colocando mais 11 milhões para a saúde e colocando na lei orçamentária, como se aprovada fosse, os nove milhões que o Estado dará à Prefeitura de Porto Alegre. Aí, então, eu passo a acreditar na seriedade da proposta. Se não acontecer isso, eu continuarei favorável, mas não acredito na seriedade. Ela inexiste, porque a Lei Orgânica é absolutamente clara - é o Orçamento global do Município. A Lei Orgânica também diz o que é Município: não é só a Administração Centralizada da Prefeitura. E não fui eu que fiz a Lei Orgânica; eu fui um dos que. E, de vez em quando, eu alertava: “Olha, vocês, do PT, estão criando problemas para o seu Prefeito”. Mas eles não estavam preocupados.

Então, eu estou achando que a seriedade será confirmada com uma emenda de 11 milhões de reais para a saúde e outra emenda colocando como certos os nove milhões de reais do Governo do Estado. Eu tenho certeza também de que o Governo do Estado, ao ver que a arrecadação aumentou nesses 11 milhões, vai sancionar a lei que, por certo, a Assembléia vai aprovar. Faremos o teste da seriedade e da convicção.

Saúde e paz. Mais saúde com mais 11 milhões de reais numa emenda que virá da Bancada do PT. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, por solicitação do Ver. Cláudio Sebenelo, o Requerimento nº 252/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida. (Após a chamada.) APROVADO por 17 votos SIM.

Por falta de quórum, damos por encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 13h04min.)

 

* * * * *